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COM ENTRADA FRANCA!

“Os arranjos de obras célebres de Nazareth, elaborados por Francisca Aquino, vêm suprir uma necessidade premente. A música de Ernesto Nazareth tem um apelo universal, com execuções e gravações em CD, vídeo e DVD em muitos centros culturais, sobretudo norte-americanos. A falta de disponibilidade de arranjos de qualidade leva a versões pouco compatíveis com a tradição brasileira.

Francisca Aquino é grande conhecedora do nosso repertório, do qual é notável executante. Possui muita experiência no mundo do arranjo, comprovada por uma numerosa produção. Já tive a oportunidade de examinar várias obras suas. Neste trabalho ela continua, com grande êxito, na linha da polifonia característica do contracanto brasileiro, extremamente desenvolvida, e “apimenta” a harmonia com fantasia e invenção. Esta versão brilhante, de excelente efeito para a execução pública, merece uma difusão internacional.”

Luiz de Moura Castro, pianista
Hartt School – Universidade de Hartford – CT – USA

Para saber sobre o contrabaixista Ricardo Vasconcellos, clique aqui

Fausto Borém (no alto, à esquerda) vai liderar grupo de pesquisa em convenção nos EUA

Texto retirado do site www.ufmg.br/boletim, escrito por Itamar Rigueira Jr, com foto de Isabella Lucas/UFMG

“Grupo de pesquisa da Escola de Música apresenta método brasileiro de ensino do instrumento elaborado na primeira metade do século 19

O segundo mais antigo método de ensino de contrabaixo no mundo, escrito em 1838 por um músico carioca de origem pobre e recém-descoberto no Rio de Janeiro, será o tema de mais uma participação do professor Fausto Borém, da Escola de Música da UFMG, na Convenção Mundial de Contrabaixistas, entre 3 e 8 de junho. O evento, bianual e considerado o maior do gênero do mundo, vai reunir mais de mil instrumentistas na Eastman School of Music da Universidade de Rochester, no estado de Nova York (EUA).

Borém e outros oito pesquisadores do Projeto “Pérolas” e “Pepinos” da Performance Musical farão recital-palestra sobre o Methodo de Lino José Nunes, garimpado entre preciosidades da Biblioteca Alberto Nepomuceno, vinculada à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Há cerca de dois anos, Fausto Borém e o professor André Cardoso (UFRJ) publicaram artigo sobre o achado nos anais do principal congresso de pós-graduação em música no Brasil, com abordagem histórica e musicológica. As partituras estão sendo restauradas e estarão disponíveis ao público em breve, possivelmente na revista Per Musi, que terá um número especial sobre música antiga. Editado por Borém, é o único periódico de música no Brasil com classificação Qualis A1 da Capes.

“Contrabaixista, cantor, professor e compositor, Lino usa em seu método harmonias sofisticadas para a época, passando por tons distantes, com paralelo em obras como O cravo bem temperado, de Bach, e o Réquiem, de Mozart”, destaca Fausto Borém, que é pós-doutor em contrabaixo pela UFMG e tem títulos de mestre e doutor pelas universidades de Iowa e Georgia, nos Estados Unidos.
Linguagem vocal no contrabaixo

Segundo o pesquisador, parte do método é composta por lições que são músicas próprias para recitais. “Lino traz o mundo da ópera italiana, das marchas militares (foi D. João VI quem trouxe as bandas de retreta para o Brasil), das modinhas, das síncopes, com criatividade incomum para compositores brasileiros da época. Há mesmo uma referência à sincopa brasileira do lundu afro-brasileiro”. Borém observa ainda que o autor, que era cantor, utiliza a linguagem vocal, inovando na tradição do contrabaixo, que era mais utilizado como instrumento de acompanhamento na música sinfônica feita na primeira fase do período imperial brasileiro.

Lino José Nunes foi um dos alunos que mais se destacaram na escola de música gratuita do padre José Maurício Nunes ­Garcia, um dos indícios de sua origem humilde. Em 1825, foi empregado pela Capela Real, um dos símbolos da atividade cultural da corte de D. João VI, onde trabalhou até sua morte, em 1847 – não se sabe a sua data de nascimento.

Lino não chegou a concluir o manuscrito, e uma das razões seria o fato de o dedicatário, que aprendia contrabaixo com Lino, ter interrompido seus estudos musicais para seguir carreira como médico. Além disso, com a volta de D. João VI a Portugal, houve desestímulo para os músicos profissionais no Rio de Janeiro.
Netuno 2013

O grupo “Pérolas” e “Pepinos” da Performance Musical não viaja apenas com a missão de apresentar pela primeira vez no exterior o manuscrito de 1838. O grupo leva na bagagem, para a Convenção Mundial de Contrabaixistas, um contrabaixo recém-construído que vai disputar o Concurso Internacional de Luteria.

Produto da arte do luthier Gianfranco Fiorini e de colaboração com o grupo da Escola de Música, o Contrabaixo Netuno, baseado em motivos marinhos, apresenta inovações como alterações estruturais que facilitam seu manuseio, mudanças na escala para incluir mais notas musicais na região aguda e mecanismos como a extensão mecânica da região grave e o braço desmontável para facilitar o transporte. Gianfranco Fiorini, que foi artista-visitante da UFMG – e premiado no mesmo concurso, em 2006 – faz as adaptações em seus projetos de contrabaixo com base na experimentação de músicos como Fausto Borém.

O professor da UFMG vai aos Estados Unidos acompanhado do aluno de mestrado Giordano Cícero, dos graduandos Alfredo Ribeiro, Evaristo Bergamini, João Paulo Campos, Gustavo Neves e Rodrigo Olivarez (este chileno, em mobilidade internacional), e do ex-aluno Leonardo Lopes.”

Texto e foto retirados do site www.fundacaoculturaldecuritiba.com.br

“A Orquestra À Base de Corda, do Conservatório de MPB de Curitiba, abre inscrições para seleção de músico bolsista para a vaga de contrabaixista. As inscrições podem ser feitas no período de 5 de maio a 21 de junho de 2013. Os candidatos devem possuir experiência comprovada na área de música popular e serão submetidos à avaliação de uma banca composta por profissionais de renome. Os testes acontecem no dia 25 de junho, entre 9h e 12h.

As inscrições para o teste seletivo deverão ser feitas diretamente no Conser¬vatório de MPB (Rua Mateus Leme, 66), no horário das 9h às 12h e das 14h às 18h. O candidato deve apresentar fotocópia legível (frente e verso) do documento de identidade, cópia de comprovante de conta bancária, requerimento de inscrição preenchido de forma completa, correta e sem rasuras, currículo e documentos comprobatórios acondicionados em envelope lacrado, com identificação do candidato na parte externa. O requerimento de inscrição e a declaração de ciência deverão ser retirados diretamente no Conservatório.

Os teste serão realizados em três etapas: análise de currículo, prova prática e prova de leitura. Os resultados serão divulgados no dia 1º de julho. Mais informações pelo telefone: (41) 3321-2855, com Elizabete Carlos (Produção).
Serviço:
Seleção de contrabaixista para a Orquestra À Base de Corda
Período de inscrições: 5 de maio a 21 de junho de 2013
Inscrições e informações: Conservatório de Música Popular Brasileira de Curitiba (Rua. Mateus Leme, 66), das 9h às 12h e das 14h às 18h.
Telefone: (41) 3321-2855.

Autor: Assessoria de Imprensa
Fonte: Fundação Cultural de Curitiba”

“(…) Qual o tempo ideal para se treinar uma escala, por exemplo? (…) Como você faz para saber onde está cada nota, já que o contrabaixo é todo sem trastes? (…)” Pergunta feita por Ânderson Marcos, no meu canal do Youtube.

A escala é uma sequência de notas sucessivas, com distância pré-determinada entre cada nota – denominada intervalo e especificado em tom e semitom -, que definem uma tonalidade. Exemplo: escala de dó maior: dó- ré- mi- fá- sol- lá-si- dó.

Ela é estudada assim que o contrabaixista já tem noção de como colocar a mão esquerda e como sustentá-la nas quatro cordas, com o peso do corpo e sem o uso da força.

Para tocar uma escala em uma oitava (sequência de oito notas), sem mudar de posição, é necessário o uso de, no mínimo três cordas, com ou sem o uso de cordas soltas.

Todas as escalas “iniciais” requerem o uso da terceira corda ou da quarta corda, que são cordas mais grossas, que necessitam de mais peso do braço e da mão esquerda, ou seja, de mais tempo de contrabaixo.

Para se chegar a isso, é primordial que a notas sejam apresentadas ao pretendente a contrabaixista, que deverá passar pelos exercícios de uma a três notas, uma a uma, todas na mesma posição, lentamente e bem aos poucos, para ganhar resistência muscular e a confiança delas. Tem que chamar cada uma pelo nome e fazer cafunezinho com os dedos, senão…

Inicialmente, as notas são presas com a mão esquerda e tocadas em pizzicatto, ou seja, beliscadas com os dedos da mão direita (indicador e/ou médio).

Primeira semana: três sessões de cinco minutos – corda sol.
Segunda semana (3 x 7 minutos) – cordas sol e ré.
Terceira semana (3 x 9 minutos) – cordas sol e ré. A partir dessa semana, já é possível começar o estudo do arco, inicialmente em cordas soltas.

Quarta semana (3 x 11 minutos) – cordas sol, ré e lá. Na primeira posição, aqui já é possível fazer uma escala de dó maior até a nota si! Ufa! Se você começar a estudar pela meia posição, então já dá para fazer as escalas de lá menor harmônica e de si bemol maior completinhas!

Passe a quinta semana na companhia agradabilíssima das três cordas (3 x 13 minutos), mas nada de vuco-vuco com elas, para não se arrepender das bolhas nos dedos. Juízo.

O tempo de estudo aumenta gradativamente, assim como o tempo de cada sessão: se no início eram cinco minutos, vá aumentando dois minutinhos cada sessão, por semana. Intimidade é uma merda…

Quem já toca contrabaixo elétrico pode pular algumas etapas, fazendo uma ou duas cordas por semana. É possível iniciar o estudo do arco a partir da segunda semana, pois as posições da mão esquerda precisam ser adaptadas ao acústico antes de começar a mão direita, já que a postura é bem diferente do contrabaixo elétrico, que é um primo distante. Lembre-se que o seu compromisso é com as notas, e que parentes nessas horas só atrapalham…

O tempo “ideal” para treinar escalas depende do tipo de treinamento que você precisa fazer. Por exemplo: numa escala você pode estudar as notas, a afinação, a articulação da mão esquerda, a velocidade da mão esquerda, etc, como também pode estudar a articulação da mão direita (em pizzicato ou com o arco), a velocidade da mão direita (em pizzicato ou com o arco), os golpes de arco, etc.

Por isso, é muito difícil pré-determinar um tempo, já que o tempo está relacionado aos objetivos. Não importa se vai dar em namoro ou em casamento. O que não pode é trepar nas notas e cair fora, porque quem se estrepa é você.

Nos primórdios dos estudos contrabaixísticos, a escala servirá para conhecer as notas no braço do instrumento, para treinar a afinação das lindas e, principalmente, para aprimorar a “pontaria” para achá-las – mesmo que com a mão parada – porque, no início, as notas insistem em fugir da gente e se fazer de difíceis.

Mas o importante, quando já se tem condicionamento suficiente para tocar em três ou quatro cordas, é estudar ou tocar, no máximo, por 50 minutos seguidos e descansar, no mínimo, 10 minutos, para evitar lesões por esforço repetitivo.

Se tocar durante 50 minutos seguidos é muito, estude por 30 ou por 20 minutos e pare por 10 minutos, no mínimo. Se precisar, divida o estudo em mais de uma sessão. Nada de ficar de língua de fora na hora do bem bom com as notas, heim?

Com o tempo, aumente o número de sessões: uma, duas ou três sessões de 50 minutos (ou 30 ou 20) por dia. Aí, o intervalo de descanso pode ser maior, para que o desgaste físico seja menor.

Esse tempo também é gradativo, até que você possa chegar entre duas horas até seis ou oito horas de estudo, dependendo dos seus objetivos com o contrabaixo.

Nem todos os contrabaixistas estudarão seis ou oito horas na vida, assim como muitos não estudarão somente duas horas, mas todos deveriam nunca se esquecer de dividir o estudo em sessões intercaladas com pausas mínimas de 10 minutos.

Estudar posição por posição e escalas dentro de cada posição ou de duas posições (com ou sem corda solta) são exercícios importantíssimos para saber onde está cada nota.

Quando isso é feito de forma gradativa (1ª posição: sol maior, dó maior até a nota si; meia posição: si bemol maior, lá menor harmônica, fá maior; meia e 1ª posições: fá menor, sol bemol maior, sol menor, lá menor harmônica; 1ª e 2ª posições: dó maior, sol maior, etc.), a memorização das notas acontece naturalmente.

Com o desenvolvimento técnico do contrabaixista, as escalas também o acompanham, porém com muitos outros objetivos além de saber onde cada nota está.

Estudar dedilhados variados (por uma mesma corda, por duas cordas ou mais, etc.), em velocidades diferenciadas e/ou com articulações e/ou ritmos variados, contribui para a desenvoltura no instrumento. Os diamantes são para sempre e, provavelmente, para os outros. As escalas são para sempre, e para você!

Vale a pena perder um tempo para se adaptar às notas, à falta de trastes e às escalas, porque a vida contrabaixística não é um samba de uma nota só e, mesmo que fosse, uma mesma nota pode ser feita em alturas e/ou cordas variadas.

As notas são temperamentais e ciumentas: exigem que você tenha preparo físico, tempo disponível para elas e que pense nelas o tempo todo em que estiver tocando.

Ai de você se pensar em outra!…

E não se esqueça de mandar flores, heim?

Leia mais sobre o assunto: Como se livrar das posições contrabaixísticas comprometedoras…

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IV Encontro Internacional de Contrabaixistas – Milton Romay Masciadri
IV EIC – MRM – 2013
www.ufrgs.br/iveic-mrm

RECITAL DE ENCERRAMENTO

04 de Maio de 2013
Sábado, 20:00h

Auditorium Tasso Corrêa Instituto de Artes da UFRGS
Rua Senhor dos Passos, 248 – Centro POA/RS – BRASIL

O recital será público e gratuito

PROGRAMA

J. C. Bach (1735 – 1782)
Concerto em Sol menor
Allegro
Adagio
Allegro

Thomas Oboe Lee (1945 – )
Toccata
Estreia Mundial

Manning Sherman (1902-1974)
Arranjo de Don Thompson (1940)
A Nightingale Sang in Berkeley Square
Estreia Mundial

R. Schumann (1810 – 1856)
Adagio e Allegro

Joel Quarrington – Contrabaixo
Ney Fialkow – Piano

SOBRE OS MÚSICOS

JOEL QUARRINGTON
Considerando o recital de estréia de Joel Quarrington para a International Society of Bassists-ISB (Sociedade Internacional de Baixistas) na convenção em Oklahoma City em junho de 2007, a revista Britânica Double Bassist, comenta: “o seu desempenho foi fascinante – sua marca registrada do estilo bel canto trouxe uma qualidade transcendental para Elegy em Ré de Bottesini… articulação impecável, uma rica paleta de tons, um controle absoluto, e uma clareza cristalina.” Comentários como este têm confirmado sua reputação como um dos mais importantes contrabaixistas da atualidade, e de fato em maio de 2011 Joel foi homenageado pela ISB com o prêmio “Special Recognition Award for Solo Performance.”Nascido em Toronto, Joel Quarrington iniciou os seus estudos formais de contrabaixo quando tinha treze anos. Estudos posteriores o levaram para a Itália e Áustria. Além de desfrutar de uma carreira equilibrada cheia de ensino, música de câmara, bem como todas as suas atividades de solista por mais de trinta anos, Joel tem trabalhado como o Chefe de Naipe dos contrabaixos na Canadian Opera Company, na Toronto Symphony Orchestra e na National Arts Centre Orchestra em Ottawa. Desde Novembro de 2009 ele tem tido a honra de liderar a seção dos contrabaixos da grande London Symphony Orchestra, e tem sido Chefe de Naipe convidado em concertos com seus principais regentes como, Colin Davis, Michael Tilson-Thomas, Daniel Harding e Valery Gergiev. Joel fez várias gravações solo e sua mais recente, “Garden Scene,” prevaleceu sobre todas as versões de clássicos no Canadá para ganhar o Juno Award 2010 de Melhor Gravação Clássica em abril de 2010. Disponível pela Analekta, inclui músicas de Korngold, Gliere, Weinberg, J.C. Bach, e Bottesini. Ele toca em um contrabaixo italiano feito em 1630 pelo mestre italiano, Paolo Santo Maggini , Joel é um defensor entusiasta da prática histórica de afinação do contrabaixo em quintas (CGDA, uma oitava abaixo do que o violoncelo) ao invés da habitual afinação em quartas. Ele acredita que a afinação em quintas leva a um desempenho mais claro e mais preciso em todas as regiões do contrabaixo, bem como maior riqueza tonal.

NEY FIALKOW
Pianista gaúcho, natural de São Leopoldo, iniciou seus estudos de piano aos 6 anos de idade com Anita de Negri e Telmo Locatelli, realizando seu primeiro recital aos 10 anos de idade sob a orientação de Zuleika Rosa Guedes. Premiado em diversos concursos, destacando-se o cobiçado título de melhor pianista do VII Prêmio Eldorado de Música em São Paulo. Obteve o título de Doutor em Música pelo Peabody Conservatory da Johns Hopkins University, em Baltimore, onde foi assistente da célebre pianista Ann Schein, discípula de Artur Rubinstein. Nesta instituição foi agraciado com o premio Frances Turner por destaque em performance de piano. Cursou Mestrado em Piano com distinção no New England Conservatory Boston, com Patricia Zander. De volta ao Brasil tem conciliado movimentada carreira de solista e camerista com a atividade de professor do Instituto de Artes da UFRGS. Tem atuado em recitais com instrumentistas de renome nacional e internacional tais como, o violinista Cármelo de los Santos, o violoncelista Antonio del Claro, o violista Csaba Erdely (Hungria). Convidado freqüente como jurado de importantes concursos de piano no país e para ministrar cursos de interpretação pianística em diversos festivais de Música, apresentou uma série de recitais e masterclasses na França a convite de diversos Conservatórios de Música daquele país. Ney Fialkow gravou com a Orquestra Sinfônica de Porto Alegre o “Diálogo para Piano e Orquestra” de Bruno Kiefer, além de obras de Flávio Oliveira e Luciano Zanatta. Em 2010 participou como solista da estréia da obra “Mahavidyas” de Vagner Cunha e do CD da versão integral da obra lançado em 2010, obtendo o Prêmio Açorianos junto com a pianista Cristina Capparelli na categoria de melhor intérprete.

Informações adicionais:
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ou
no Programa de Extensão do DEMUS
Instituto de Artes
Rua Senhor dos Passos, 248, sala 62
Centro – Porto Alegre/RS

IV Encontro Internacional de Contrabaixistas – Milton Romay Masciadri
IV EIC – MRM – 2013
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SEGUNDO RECITAL

03 de Maio de 2013
Sexta-feira, 20:00h

Auditorium Tasso Corrêa Instituto de Artes da UFRGS
Rua Senhor dos Passos, 248 – Centro POA/RS – BRASIL

PROGRAMA

J. M. Sperger (1750-1812)
Sonata em Sí Menor (T36)
Allegro Moderato
Adagio Cantabile
Allegro

F. A. Hoffmeister (1754-1812)
Concerto no. 1 em Ré Maior
Allegro
Adagio
Finale – Allegro

George Amorim – Violone
André Loss – Cravo

pausa

Francisco Mignone (1897 – 1986)
Trranscrição de Fausto Borém
Valsa Declamada (1981)

Lino José Nunes (? – 1847)
Edição de Fausto Borém
Lições No 4 e 5 para Contrabaixo (1830)

Fausto Borém (1960 – )
Prelúdio para Contrabajeando (2009)

Astor Piazzolla (1921 -1992)
Arranjo de Fausto Borém
Contrabajeando (década de 1950)

Fausto Borém (1960 – )
Não Atire o Pau no Gato
(Excertos – 2012)

Fausto Borém – Contrabaixo
André Loss – Piano

SOBRE OS CONTRABAIXISTAS

GEORGE AMORIM
É Professor de contrabaixo na Universidade do Texas Pan-American desde 2006 e foi assistente do grande solista e pedagogo Jeff Bradetich por três anos na Universidade of North Texas onde recebeu o título de Doctor of Musical Arts em Contrabaixo. George concluiu Mestrado na Baylor University e no Brasil estudou na Escola de Música e Belas Artes do Paraná e na Universidade Federal de Pernambuco. Dr. Amorim também frequentou diversos cursos de aperfeiçoamento e masterclasses com Franco Petracchi, Michael Wolf, François Rabbath, Ed Barker e David Sinclair, entre outros. George dedica-se também à performance do violone barroco e vienense. Dr. Amorim têm apresentado recitais e masterclasses nos Estados Unidos, Canadá, América Central e Europa, e recentemente apresentou masterclasses em Curitiba, Florianópolis e Belém. Além de ter artigos publicados na revistas Bass World e Strings, em 2011, Dr. Amorim teve o seu trabalho de pesquisa sobre o contrabaixista e compositor espanhol Pedro Valls publicado pela Lambert Editorial. George apresenta-se também como palestrante e solista em várias conferências e convenções nos Estados Unidos, como a Convenção dos Educadores Musicais do Texas, em San Antonio, a Convenção da Sociedade Internacional de Contrabaixistas e o Festival de Contrabaixo de Chicago. No Brasil, George foi membro das Orquestras Sinfônica do Paraná, Orquestra de Câmara da PUC-PR e Sinfônica do Recife. Atualmente é membro da Orquestra Sinfônica de Corpus Christi, no Texas, e, desde 2003, é membro da Orquestra do Festival de Música a Santo Domingo, regida por Phillip Entremont. Dr. Amorim foi finalista no Prêmio Jovens Talentos do Paraná e do Concurso Jovens Solistas em Londrina, em 1999. Como membro do Quinteto Zenamon, recebeu primeiro prêmio no Concurso Internacional de Música de Câmara Honorina Barra e o primeiro prêmio no Festival de Música de Câmara de Curitiba, também em 1999. Dr. Amorim fundou e dirige o ¡Viva el Bajo!, uma organização que promove o ensino do contrabaixo e ajuda a inspirar e orientar jovens músicos em seus estudos. George leciona e se apresenta em vários festivais, como o Pan American Music Festival, o Traveling Notes Cultural Exchange – programa para jovens músicos, Festival de Música de Abilene e, desde julho de 2011, o Pan American Double Bass Institute.

FAUSTO BORÉM
Foi o primeiro brasileiro a receber o Doutorado em Contrabaixo Acústico. Estudou e ensinou nos Estados Unidos (University of Iowa, University of Georgia) e hoje é Professor Titular da Universidade Federal de Minas Gerais, onde criou o Mestrado em Música e a revista Per Musi. Como contrabaixista, compositor e arranjador, tem representado o Brasil nos principais eventos internacionais do contrabaixo acústico (Berlim, Edimburgo, Paris, Avignon, Londres, Sherborne, Houston, São Francisco, Indianápolis, Bloomington, Oklahoma City, Kalamazoo, Iowa City, Interlochen). Como solista, recebeu o Io Prêmio no Jan Fowler Cross Scholarship Competition (EUA, 1991) e o 1o Prêmio no Concurso para Solistas do Teatro Mvnicipal de São Paulo (1997). Na música popular, atuou com Henry Mancini, Bill Mays, Kristin Korb, Egberto Gismonti, Hermeto Pascoal, Grupo UAKTI, Toninho Horta, Juarez Moreira, Tavinho Moura, Roberto Corrêa e Túlio Mourão. Foi Primeiro Contrabaixista do Teatro Mvnicipal de São Paulo (1996-1997) e da Orquestra Sinfônica de Minas Gerais (1985-1989). Na música erudita acompanhou músicos como Yo-Yo Ma, Midori, Menahen Pressler, Fábio Mechetti, Isaac Karabitchevsky, Yoel Levi, Arnaldo Cohen e Luis Otávio Santos. Fundou e dirige o grupo Musa Brasilis, que combina música erudita com jazz e música brasileira. Sua música Didática de uma Invenção para voz, contrabaixo e piano foi premiada com o 3o Lugar no Concurso Nacional de Composição para Contrabaixo e foi apresentada na Bienal de Música Contemporânea de 2005. Na abertura do 11° Concurso Nacional de Cordas Paulo Bosisio estreou suas Variações sobre Wave de Tom Jobim para contrabaixo e piano. Sua obra Não Atire o Pau no Gato para contrabaixo solista, narrador e orquestra foi encomendada pelo Maestro Fábio Mechetti e estreada nos Concertos Didáticos da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais.

SOBRE O PIANISTA/CRAVISTA

ANDRÉ LOSS
André Loss tem atuado como solista e camerista em turnês pela América do Sul e pela América do Norte. Realizou sua formação musical e acadêmica no Brasil e nos Estados Unidos, onde obteve o seu Doutorado em Execução Musical em Piano no College Conservatory of Music em Cincinnati, OH. André Loss tocou com importantes orquestras no Brasil, ganhou vários prêmios no país, e participou do 10o Concurso Internacional de Piano Robert Casadesus, em Cleveland, OH. Recebeu o Prêmio Açorianos de melhor CD de música erudita da cidade de Porto Alegre por um CD em parceria com a soprano Adriana Zignani com obras de Schubert e Schumann. Em sua última tournê recebeu grande aclamação pública pela execução integral dos Estudos Transcendentais de Liszt. Esteve recentemente na Eastern Illinois University como professor visitante e acompanhou artistas de renome como Franco Petracchi e Milton Masciadri no Simpósio de Contrabaixistas da Universidade da Geórgia (EUA). André Loss é professor de Piano e Literatura Pianística na UFRGS.

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Instituto de Artes
Rua Senhor dos Passos, 248, sala 62
Centro – Porto Alegre/RS

IV Encontro Internacional de Contrabaixistas – Milton Romay Masciadri
IV EIC – MRM – 2013
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RECITAL DE ABERTURA

02 de Maio de 2013
Quinta-feira, 20:00h

Auditorium Tasso Corrêa Instituto de Artes da UFRGS
Rua Senhor dos Passos, 248 – Centro POA/RS – BRASIL

PROGRAMA:

Nino Rota (1911 – 1979)
Divertimento Concertante per Contrabasso e Orchestra (Redução para Piano)
I – Allegro maestoso
II – Marcia allegramente
III – Andante
IV – Allegro marcato

Alexandre Ritter – Contrabaixo
André Loss – Piano

Giovanni Bottesini (1821 – 1889)
Gran Duetto No. 1 em Sol Maior para dois Contrabaixos
I – Allegro
II– Andante
III – Polacca

Maria Helena Salomão – Contrabaixo 1
Alexandre Ritter – Contrabaixo 2

Georges Bizet (1838 – 1875)
Transcrição de Bernard Salles
Carmen-fantaisie (extraits de l’opéra-comique)
I – Prélude
II – Aragonaise
III – Intermezzo
IV – Les Dragons d’Alcala
V – Les Toréadors

Maria Helena Salomão – Contrabaixo 1
George Amorim – Contrabaixo 2
Walter Schinke – Contrabaixo 3
Fausto Borém – Contrabaixo 4

SOBRE OS CONTRABAIXISTAS

MARIA HELENA SALOMÃO
Iniciou seus estudos de contrabaixo na Escola de Música e Belas Artes do Paraná, e em seguida passou a estudar com a Professora Valery Albright em São Paulo. Aperfeiçoou-se em cursos e simpósios com professores como Ludwig Streicher, Francesco Petracchi, Jeff Bradetich, e Milton Masciadri entre outros. Atuou como professora de contrabaixo em festivais e oficinas de música em Londrina, Cascavel, Florianópolis e Itajaí, além de ministrar master class em Belém e Porto Alegre, além de participar como recitalista e debatedora no V EINCO em Goiânia em 2000. Integrante da Orquestra Sinfônica do Paraná desde 1985, atua como primeiro contrabaixo neste grupo há 15 anos. Pós-graduada pela EMBAP, obteve o título de “Especialista em Música de Câmara” conseguindo nota máxima na monografia “Diferenças técnicas na execução do contrabaixo do barroco ao moderno” e atualmente ocupa o cargo de professora de contrabaixo na referida escola.

WALTER SCHINKE
Walter é natural de Estrela-RS, e iniciou seus estudos de contrabaixo na Escola de Música da Orquestra Sinfônica de Porto Alegre – OSPA. Formou-se Bacharel em Música/Contrabaixo, na Universidade Federal da Paraíba em 1984. Fez especialização na Alemanha (Escola Superior de Música de Würzburg) em 1985/86. Toca em orquestra sinfônica desde 1981. Inicialmente na Orquestra Sinfônica da Paraíba – OSPB, e desde 1990, na OSPA. Atualmente integra o quadro efetivo da OSPA, onde exerce a função de Chefe de Naipe, função que se efetivou após a aposentadoria do Prof. Milton R. Masciadri em 2001. Além disso, tem ampla experiência tocando em orquestras de câmara, como na Orquestra de Câmara do Theatro São Pedro – OCTSP, e desde 1996 executando a função de Chefe de Naipe na Orquestra de Câmara da ULBRA.

GEORGE AMORIM
Dr. George Amorim é Professor de contrabaixo na Universidade do Texas Pan-American. Dr. Amorim recebeu o título de Doctor of Musical Arts em Contrabaixo da University of North Texas e Mestrado da Baylor University. No Brasil, estudou na Escola de Música e Belas Artes do Paraná e na Universidade Federal de Pernambuco. Dr. Amorim
também aperfeiçoou-se com Franco Petracchi e David Sinclair, entre outros. George dedica-se também à performance do violone barroco e vienense. Dr. Amorim fundou e dirige o ¡Viva el Bajo!, uma organização que promove o ensino do contrabaixo e ajuda a inspirar e orientar jovens músicos em seus estudos.

FAUSTO BORÉM
Fausto Borém é Professor Titular na UFMG. Mestre, Doutor e Pós-Doutor em Contrabaixo, recebeu
diversos prêmios como solista, professor, compositor e teórico no Brasil e nos EUA. Pesquisador do CNPq desde 1994, publicou um livro, capítulos de livro e dezenas de artigos e partituras originais e transcritas de contrabaixo. Criou o Mestrado e Música na UFMG e a Revista Per Musi, considerada a mais qualificada do Brasil. Tem representado o Brasil nas convenções mundiais de contrabaixo desde o início da década de 1980. Foi Primeiro Contrabaixista do Teatro Municipal de São Paulo e da Orquestra Sinfônica de Minas Gerais. Criou e dirige o Grupo Musa Brasilis que faz música crossover (erudito + popular).

ALEXANDRE RITTER
Alexandre é professor de contrabaixo da Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS desde 2000. Alexandre recebeu ambos os títulos de Doutor (DMA) e Bacharel (BMA) em Performance pela The University of Georgia – UGA. Sua formação musical e acadêmica também inclui um ano de mestrado em Performance de Contrabaixo na University of British Columbia (Canadá). Alexandre já participou de importantes cursos de música, como na renomada Academia Musicale Chiggiana (com Diploma di Mérito), em Siena, no Campus Internazionale di Musica, em Sermoneta, ambos na Itália, bem como no Banff Orchestral Program no Canadá. Além das áreas de pesquisa e ensino, Alexandre tem um constante interesse em fomentar e difundir novo repertório camerístico e solístico de música clássica para contrabaixo, através de recitais no âmbito nacional Brasileiro.

SOBRE O PIANISTA

ANDRÉ LOSS
André Loss tem atuado como solista e camerista em turnês pela América do Sul e pela América do Norte. Realizou sua formação musical e acadêmica no Brasil e nos Estados Unidos, onde obteve o seu Doutorado em Execução Musical em Piano no College Conservatory of Music em Cincinnati, OH. André Loss tocou com importantes orquestras no Brasil, ganhou vários prêmios no país, e participou do 10o Concurso Internacional de Piano Robert Casadesus, em Cleveland, OH. Recebeu o Prêmio Açorianos de melhor CD de música erudita da cidade de Porto Alegre por um CD em parceria com a soprano Adriana Zignani com obras de Schubert e Schumann. Em sua última tournê recebeu grande aclamação pública pela execução integral dos Estudos Transcendentais de Liszt. Esteve recentemente na Eastern Illinois University como professor visitante e acompanhou artistas de renome como Franco Petracchi e Milton Masciadri no Simpósio de Contrabaixistas da Universidade da Geórgia (EUA). André Loss é professor de Piano e Literatura Pianística na UFRGS.

Informações adicionais:  
www.ufrgs.br/iveic-mrm
ou
no Programa de Extensão do DEMUS
Instituto de Artes
Rua Senhor dos Passos, 248, sala 62
Centro – Porto Alegre/RS

Texto publicado na Revista FCBR

Tia Duda vai embora tão rápido quanto entrou, apressada e sem tempo para esperar a sobrinha terminar de fazer cocô.

A menina sai do banheiro e quase tromba com um gigante no quarto…
Ela nunca tinha visto nada igual…
Tão enorme e assustador, que ela cai de bunda no chão e só tem tempo de fugir dele de gatinhas, e o mais rápido que pode.

Esconde-se atrás da porta do seu quarto, apavorada com a ideia de que o barulho do coração denuncie seu esconderijo, e só sai de lá ao ouvir os passos da mãe que acaba de chegar.
– Ma-mãe… gigante! Gigante!
– Mamãe gigante? Que nada, minha filha… “Sou pequenininha do tamanho de um botão, carrego papai no bolso e você no coração” – brincou a mãe, enquanto pegava a pequena no colo.
Umas cantigas na voz da mãe embalam o sono sem gigantes da pequerrucha.
Gigantes não atacam crianças no colo da mãe…

No dia seguinte, a descoberta aterrorizante: a mãe saiu de novo para trabalhar, a Maria está na cozinha e o gigante continua lá naquele quarto enorme, pronto para correr atrás dela pelo apartamento!

E a vida continua seus dias, cheia de limites e medos, e o gigante medonho parado, a olhar para a menina de longe, de frente, de soslaio, com olhares de Monalisa…
No seu território, agora roubado pelo gigante, ela não ousa sequer atravessar as fronteiras daquela porta.

Mas logo logo, no meio de seus brinquedos, a menina descobre a mais corajosa boneca que uma garotinha poderia ter, a Fêfa!
Fêfa não tem medo de gigantes; já tinha lutado com muitos deles, e vencido!

E de conversa em conversa, Fêfa e a menina resolvem bolar um plano, para acabar de vez com aquele gigante que não deixa mais a menina entrar naquele quarto – que nunca fora dela, mas que era como se fosse…
A conversa é rápida e o plano, infalível: Fêfa deverá voar e cair em cima do gigante que, no chão, não poderá fazer mais nada.
E ficariam todos livres dele para sempre: a menina e seu exército de bonecas e brinquedos!

O plano é logo colocado em prática. Uma arremessada de Fêfa e tôuu… a boneca cai no chão, sem passar nem perto do gigante!…
A Fêfa agora corre risco de morte. Alguém precisa salvá-la do gigante, e rápido!

O palhaço Faniquito, apaixonado há tempos por Fêfa, se oferece para resgatá-la.
Uma arremessada, e o palhaço voador atravessa o quarto rumo ao gigante. Zuuumm… e tôuu no chão!
Ele até teve a sorte de voar mais que a Fêfa só que, como parou mais perto do gigante, agora corre mais riscos do que ela!…

E agora? Fêfa e Faniquito desmaiados no chão, e o gigante lá, parado olhando para eles e para a menina, imóvel, pronto para atacá-los!
A menina resolve pedir ajuda ao cachorrinho Pimpão, de pelúcia macia e orelhas bem peludas, que alça seu voo com as orelhas balouçantes e se estabaca bonito de focinho no chão!…

Guerra à vista!

A menina bombardeia o gigante com o pato Tibufi.
Depois é a vez do porquinho Tabule, mas nem a palhaçada da família do Faniquito, nem a patacoada do bando do Tibufi, nem a porcaria da turma do porquinho Tabule conseguem atingir o gigante, que espera pelo exército todo de brinquedos, para lutar com todos de uma só vez.
Chegou a vez do ursinho Pantufo e do seu primo Panqueca voarem para cima do gigante… e nada! Ursos não voam…
Ele é invencível sem mesmo lutar!

E todos os brinquedinhos estão agora no chão, a esperar por um resgate mais eficaz, antes que o gigante acabe com eles!
A menina pensa em chamar a Maria, mas ela não entende nada de gigantes, só de comida, e para gente pequena…

Uma cadeira para se proteger e lá avança ela em direção ao temível gigante quase destruidor de brinquedinhos!
E o gigante medonho parado, a olhar para a menina e para o exército de pelúcia, pano e borracha de longe, de frente, de soslaio, com olhares de Monalisa…

A menina atravessa com cuidado o exército de brinquedinhos nocauteados pelo voo, e aproxima a cadeira do gigante, que só espera pelo momento certo para dar o bote em todos…
Ela então vê uma arma perto dele. Será uma espada? Serve de espada!

A menina sobe na cadeira, pega o contrabaixo pelo pescoço e tenta cortar a barriga dele com a espada.
E ele grita um som esquisito. Um gigante que fala com voz de criança e de adulto!…

A mãe chega para o almoço, e se depara com a cena insólita: todos os brinquedos da casa no chão do quarto, e a menina sentada numa cadeira, cantando e conversando com o contrabaixo…
– Saia já daí e largue agora o contrabaixo da sua tia Duda, Leonarda!
– Tô conversando com o gigante, mamãe! Ele é meu amigo! O nome dele é Ludovico!…
– Ai-ai… Tal tia, tal sobrinha. Mais uma na família que conversa com instrumentos!…

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Segredos Contrabaixísticos de Duda Pum-Pum-Pum Ronc-Ronc by Voila Marques is licensed under a Creative Commons Atribuição-Uso Não-Comercial-Não a obras derivadas License.

Voila MarquesEntrevista retirada do site www.contrabaixobr.com

Recentemente, tive a honra de participar do projeto de entrevistas do colega de fórum e contrabaixista Tarcísio Caetano,  no Fórum Contrabaixo BR.

Aqui vai a entrevista para vocês lerem!

Voila Marques – a “nossa primeira” contrabaixista

Mais uma da série “Contrabaixistas profissionais do Fórum Contrabaixo Br”.

Para quem não sabe, Voila Marques, além de tudo o que ela dirá abaixo, sempre desenvolveu um trabalho espetacular junto ao acervo técnico deste Fórum. É com um grande prazer que repasso a vocês a ‘entrevista’ que fiz junto a ela.
Para aqueles que curtem ou amam o contrabaixo acústico, esta entrevista é um prato cheio e saboroso, por demais.

1) Conte um pouco de sua infância. Onde você nasceu? Onde viveu? Estudou – formação? Família – pais, irmãos? Casado? Tem filhos? Quantos anos têm hoje?

Nasci no Rio. Sou carioca de nascimento e de “vivemento”.
Sou bacharel em contrabaixo pela UFRJ, formada na classe do prof. Sandrino Santoro, com uma medalha dita de ouro, que nunca deixou de ser de papel…

Vou fazer meio século de vida este ano, e parafraseando o grande Francis Hime, sem alarde, só com a carteira de identidade, nenhuma saideira e muitas saudades…

Minha família é formada por pais, irmãos, marido, filhos, sobrinhos e dois contrabaixos: a Margueritta e o Raphaello.

Tenho dois filhos fofosos, gatosos e boxocotosos: um quer ser guitarrista roqueiro e tem muita facilidade para decorar letras e textos; a outra tem o dom de cantar bem e dançar bem, mas quer ser médica quando crescer. O tempo é quem se encarregará de tornar o futuro presente, seja ele qual for…

Sou casada com o Aurélio Boss2K – ex-contrabaixista profissional e analista de Tecnologia da Informação – há pouco mais de dois anos.
Mesmo com um casamento interestadual – eu no Rio e ele em Brasília -, ele me dá todo apoio e assessoria nos meus projetos contrabaixísticos: livros, aulas, peças de teatro, etc.

Tenho uma família ótima e meus pais são tudo de bom para mim e para os meus filhos. Falo com eles todos os dias. Eles são e serão sempre inesquecíveis…

2) Com quantos anos descobriu a música? Onde e com quem? Como foi esta experiência?

Mesmo com pais que ouviam muita música em casa, descobri “oficialmente” a música numa escola pública – numa época em que as escolas públicas eram realmente boas -, através de uma professora de música mineira dedicadíssima, profª Aída, com quem aprendi os primórdios da Música, tocando flauta-doce.
Depois passei para a flauta transversal e, no momento conflitante de escolher uma carreira no vestibular, entre Ciências Sociais (para depois fazer Antropologia) e Música, eu acabei optando pela última, e passei para o curso de Flauta Transversal, na UFRJ.

3) Como foi sua descoberta do contrabaixo? Quantos anos tinha? Conte-nos sobre isso.

Assim que entrei na UFRJ, constatei que detestava a flauta. Ela era para os outros, não para mim.
Para ser meu instrumento, tenho que sentir o aconchego do som, o sorriso das descobertas. E o som da flauta me distanciava dela a cada nota.
Um dia, com 18 anos, fui assistir uma aula de contrabaixo do Sandrino, e me encantei pelo contrabaixo.
Dias depois, comuniquei a ele minha decisão. Ele riu e ainda disse que eu acabaria trocando para o violoncelo rapidinho.
O Sandrino é dono de uma intuição incrível mas, felizmente, as antenas dele falharam…

4) Como foi sua educação ou aprendizado do contrabaixo? Teve professores? Se sim, quem foi (foram), por quanto tempo e como foi esta experiência – se dava bem com seus professores, foram bons mestres? Se não teve – por quê?

Meu aprendizado ocorreu sem traumas, mesmo não tendo uma referência carioca feminina no contrabaixo…
Quando comecei a estudar o contrabaixo, o Sandrino brincava, dizendo que eu era a “prima-donna” do contrabaixo no Rio.
Tempos depois, soube da existência de algumas contrabaixistas em outros estados, mas nunca me importei em frequentar um meio quase que exclusivamente masculino.
O machismo era tanto, que ouvi uma vez um colega contrabaixista me contar que, ao perguntarem sobre mim, alguém respondeu: “A Voila? Ela toca que nem homem!”.

Assim que comecei o contrabaixo, tranquei o curso de flauta e só o reabri para fazer a habilidade específica em contrabaixo e mudar de curso. Penso que foi uma das melhores decisões que tomei na vida, além da de vender a flauta, hahaha!

Tive a sorte e a honra de estudar com o Sandrino até me formar.
Durante o curso na universidade, namorei o – então talentosíssimo aluno de contrabaixo – Antonio Arzolla, e me casei com ele depois de quase seis anos de namoro.
Convivi com ele durante 17 anos e meio, e ele foi meu segundo professor de contrabaixo – antes mesmo dele se tornar professor da Uni-Rio – e acompanhei todo o processo dele de aluno até ser o contrabaixista renomado que é.

Fiz muitos cursos, masterclasses e aulas com os contrabaixistas: Gary Karr (EUA), Ricardo Cândido (RJ), Massimo Giorgi (Itália), Wolfgang Guttler (Alemanha), David Murray (EUA), Hans Roelofsen (Holanda), Tibô Delor (França), Milton Masciadri (EUA), Ed Barker (EUA), Francesco Petracchi (Itália), Thierry Barbé (França), Jeff Bradetich (EUA), entre outros.

Acredito na arte e na técnica de ensinar, e sei que cada músico faz sua estrada. Acho que a função social da Música começa no seu aprendizado.
Cada professor de contrabaixo foi uma pedra que enfeitou o meu caminho mas, quando paro para pensar neles, vejo que se tornaram estrelas para mim, mesmo em vida.
Os contrabaixistas ocupam o céu e a terra na minha vida.

5) Quando decidiu ser músico profissional ou seguir a carreira de músico? O que te motivou a tomar esta decisão? E o que fez ou passou a fazer para conquistar este “status”?

Decidi ser musicista profissional assim que entrei para a faculdade, mas não foi algo consciente. Foi meio mágico. Eu disse para a minha mãe: “mãe, vou ser musicista e não ou ser rica”. Para isso, eu só fiz estudar, e as portas foram se abrindo. Sempre tive um apoio incondicional dos meus pais para ser contrabaixista. Tenho pais com alma de artista, que a vida não deixou assumir…

Com seis meses de contrabaixo, passei no concurso para a Orquestra Sinfônica Jovem da Funarj, e a ganhar com isso uma bolsa de, na época, três salários mínimos, e a ensaiar três tardes por semana.
Era uma orquestra jovem, regida por um excelente maestro, o saudoso Davi Machado, com compromissos musicais profissionais e políticos, já que era uma orquestra patrocinada pelo governo.
Foi o meu primeiro emprego e também o meu primeiro contato com a rigidez disciplinar de uma orquestra.
Logo no primeiro ano, fizemos um ciclo com todas as Sinfonias de Beethoven, no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, com concertos memoráveis. Parecia uma orquestra profissional.

6) Como foi sua vida a partir do momento que decidiu seguir a carreia de músico profissional? O que teve que abandonar e o que teve que incorporar ao seu dia-a-dia? Já viajou para o exterior para tocar? Como foi? Faça um paralelo entre suas experiências no Brasil e no exterior.

Com 24 anos eu já era contrabaixista concursada da Orquestra Sinfônica Brasileira, cargo que ocupei por 19 anos. Nessa época, eu estava quase terminando a faculdade, ensaiando na orquestra de segunda a sábado, com vários concertos ao mês, viagens e turnês, e ainda tocava na Orquestra de Câmara de Niterói.
Com a OSB eu conheci praticamente os teatros do Brasil inteiro e fiz uma turnê para Nova York. As outras duas vezes em que estive nos EUA foram para assistir às convenções maravilhosas da International Society of Bassists (ISB). Estive na Holanda para fazer um curso com o contrabaixista Hans Roelofsen, quando aproveitei para dar um mini rolé em Frankfurt, na Alemanha.

Desde que me “profissionalizei”, passei a perder todas as manhãs inúteis ou só minhas, e incorporei as rotinas de ensaios de orquestra, por vezes bem exaustivos. Tocar em orquestra me ensinou a ter uma concentração acima da média no trabalho e nas coisas que faço fora dele.

Minha experiência no exterior foi muito curta para que eu possa fazer um paralelo com as experiências no Brasil, mas o que pude constatar foi que os contrabaixistas brasileiros, além de talentosíssimos, muitas das vezes estão entre os melhores alunos e/ou profissionais lá de fora.

7) Fale-nos sobre a sua experiência como professora de contrabaixo.

Comecei a participar e a dar aulas de contrabaixo, primeiramente como monitora da classe do Sandrino.
O “instinto” de professora sempre me acompanhou. Quando ainda era monitora na UFRJ, o Sandrino me perguntava o que achava dele tocando essa ou aquela peça para os recitais que ele dava.
Uma vez, ele confessou que gostava de perguntar para mim, porque eu era a única pessoa que tinha coragem de dizer para ele o que achava, pois todos pareciam ter medo dizer as coisas para ele.

Fui professora de contrabaixo da Escola de Música Villa-Lobos por 17 anos.
Dar aulas me fez perder algumas noites de sono, tentando entender problemas técnicos e musicais de alunos, e muitos domingos de ensaios com alunos e orquestra de contrabaixo.
Dar aulas também me fez incorporar o hábito de analisar problemas contrabaixísticos em mim e nos outros. Ouvir contrabaixistas maravilhosos me anima; ouvir problemas me instiga.

Na Escola de Música Villa-Lobos, comecei a minha longa série de “Oficinas de contrabaixo”, com aulas de duas horas de duração –duas a três aulas por semestre – em que abordava sobre a história, peculiaridades, acessórios, som do contrabaixo e mercado de trabalho para contrabaixistas, para um público de até 130 alunos iniciantes que ainda iriam escolher um instrumento para estudar.

E essa experiência, somada à de dona de comunidade de contrabaixista no Orkut, me fez ter a ideia de desenvolver as “Orientações contrabaixísticas”, para tratar de problemas contrabaixísticos de contrabaixistas sem acesso a um professor.
Com o desenrolar do projeto, descobri que as orientações poderiam ser estendidas a contrabaixistas com professor, a professores e fãs do contrabaixo e veio a ideia do livro, que está todo escrito e na difícil fase de ilustração.
Ele não será um método, mas uma espécie de manual, com orientações técnicas, musicais, profissionais, “filosóficas”, comerciais e sobre manutenção do contrabaixo e acessórios, etc. Com sorte, ele estará no mercado em 2014.

8.) Como é (era) sua rotina diária? Você tem um plano de estudos? Se sim, como é e por quê? O que você recomendaria como pontos mais importantes a serem abordados em uma rotina de estudos?

Depois do nascimento dos meus filhos, a rotina passou a ser algo imprevisível e improvisável…

Meu plano de estudos – quando consigo fazê-lo – é assim: cordas soltas com arcadas variadas, para aquecer; estudo de mão esquerda numa mesma posição e numa mesma corda, com arcadas variadas – para aquecer; estudo de mudança de posição com variação de dedilhado, corda e variantes rítmicas e de arcadas; estudo de escalas, arpejos e intervalos com variação de dedilhados, corda, ritmo e arcadas; um estudo técnico; uma música (ou mais) ou trecho dela. Se precisar, partes de orquestra.

O meu plano de estudos segue uma “ordem”:
Corda solta: serve para aquecer o braço direito e a mão direita, e também para trabalhar o movimento do arco com as variantes rítmicas, de articulação e de arcadas.

Mão esquerda na mesma posição: aquecimento com a mão esquerda no mesmo lugar só fazendo exercícios para os dedos, começando devagar intercalando corda solta com uma nota presa, depois uma corda solta e duas notas presas, depois uma corda solta e três notas presas.
Todos esses exercícios devem ser feitos com variantes rítmicas e de arcada, para não cansar, e devem ter intervalos a cada minuto ou menos de exercícios, para não sobrecarregar os tendões e articulações. Com as variantes de ritmo, de articulação e de arcada, é possível estudar também o movimento do arco.
Depois disso, faço sequências de três notas presas com dedilhados alternados, e aí, passo para os exercícios com quatro notas presas. Todos esses exercícios devem ser feitos com variantes rítmicas e de arcada, para não cansar, e devem ter intervalos a cada minuto ou menos de exercícios, para não sobrecarregar os tendões e articulações. Com as variantes de ritmo, de articulação e de arcada, é possível estudar também o movimento do arco.

Mão esquerda fazendo mudança de posição: escolho uma sequência de notas na 1ª corda (sol): lá-si/lá dó/lá-ré, por exemplo, aí faço um dedilhado variado com alternância de dedos.
Todos esses exercícios devem ser feitos com variantes rítmicas e de arcada, para não cansar, e devem ter intervalos a cada minuto ou menos de exercícios, para não sobrecarregar os dedos, tendões e articulações. Nas primeiras vezes que esse exercício for feito, só dá para fazer uma pequena parte dele, porque o dedo “queima”. Com as variantes de ritmo, de articulação e de arcada, é possível estudar também o movimento do arco.

Aplicação dos exercícios em escalas, arpejos e intervalos: com variantes de ritmo, articulação e de arcada. Depois, dou continuidade a esse trabalho com um estudo técnico e com uma música;

Sobre os pontos mais importantes a serem abordados numa rotina de estudo, bem, são tantos!…
Penso que precisão dos dedos, clareza das notas e das articulações, maleabilidade, volume e beleza do som, flexibilidade no manuseio do arco, precisão da afinação, um vibrato bonito e uma interpretação expressiva e consciente são tudo de “bão”!

Mas essa “utopia” toda deve ser estudada por partes. O importante é que cada estudo tenha um ou dois objetivos específicos. Os outros são objetivos complementares.
E tão importante quanto isso é intercalar esses objetivos. Alguns desses objetivos aparecem naturalmente ou com a continuidade dos estudos, outros precisam ser mais trabalhados e talvez alguns sejam quase inatingíveis para alguns contrabaixistas.
Com o tempo, todo o contrabaixista deveria saber onde estão os seus problemas e os seus trunfos, porque assim os resultados são mais conscientes, tanto do que se faz, quanto do que ainda não se faz.

9) Em sua opinião, quais são os pontos importantes para ser um músico profissional respeitado? E o que não se deve fazer/agir de jeito nenhum? Se fosse um produtor, que tipo de baixista procuraria contratar?

No meio erudito, o músico que se atrasa para ensaios e concertos, que não sabe ficar em silêncio durante os ensaios, que brinca durante os ensaios, que não tem as músicas prontas ou semiprontas a partir do segundo ensaio, é malvisto.

O problema é que muito estudante de contrabaixo pensa que, por ser estudante, pode chegar atrasado a ensaios da orquestra da universidade, faltar concertos, etc.
Muitas pessoas que me chamaram para cachês ao longo da minha vida contrabaixística, foram contatos feitos durante a época em que ainda era aluna.

Depois que você “mela” a sua imagem como aluno, é muito difícil alguém te chamar para fazer substituições ou cachês em orquestras semiprofissionais, e menos ainda em orquestras profissionais.
O mesmo acontece com o mal profissional: dificilmente será chamado para cachês, porque muitos desses cachês são substituições, em que o contrabaixista que está chamando é totalmente responsável por quem ele chama. E quem quer se arriscar?

Para ser respeitado, o músico precisa ter responsabilidade. É essa responsabilidade que o fará estudar, tocar, chegar na hora certa para ensaios e concertos, prestar concursos, cumprir seus compromissos profissionais, e ser chamado para cachês. É essa responsabilidade que dará a ele o direito de reclamar pelos seus direitos.

Outro ponto que considero importante é o de respeitar os outros. Uma orquestra depende de carregadores de instrumentos, de montadores e inspetores de orquestra, etc.
Uma escola de música depende de faxineiros, telefonistas, secretárias, etc.
Ser educado e gentil com todos não costuma ser difícil e torna o ambiente de trabalho mais tolerável, já que aguentar a falta de educação e de tolerância e, por vezes, a falta de talento de alguns colegas e maestros é uma coisa bem mais difícil de fazer, mas necessária.
Felizmente, algumas orquestras estão mais fortes e menos tolerantes ao desrespeito de seus dirigentes fixos e/ou convidados.

Já vi contrabaixista encrenqueiro(a) não ser chamado(a) ou indicado(a) para cachês por nenhum colega contrabaixista.

Aprendi outra coisa importantíssima no âmbito orquestral, e essa lição me foi passada por um flautista – Murilo Barquette – bem antes de eu sonhar em ser contrabaixista: jamais reclamar de alguma coisa para o colega que esteja tocando errado, a não ser que você tenha muita intimidade com esse colega. Os egos são exacerbadíssimos nesse meio.
Ou você toca como você acha que tem que ser, assim como quem não quer nada, num intervalo, e espera que o colega te note no meio do burburinho orquestral, ou torce para que o colega se manque, ou pede prá Deus te dar muita paciência para aguentar mais essa provação.

Bem, não sou produtora, mas já precisei chamar colegas contrabaixistas para trabalho. Prefiro os que tocam bem, que são responsáveis, educados e.. disciplinados.
Já vi contrabaixistas que tocam bem, são responsáveis e educados, mas que não têm disciplina alguma para tocar em orquestra.
Em orquestra existe hierarquia e disciplina. Não adianta querer fazer perguntas diretamente para o maestro: as perguntas são feitas ao chefe de naipe.
Aquele vestido longo com decotes sinuosos e aquela minissaia poderosa não servem para tocar no concerto, porque o foco da orquestra é a música e não as pernas ou o colo das musicistas.
O jeito é deixar o longo gostoso e a minissaia assanhada para quando você fizer parte do público, ou para aquele strip-tease, à la Jessica Rabbit, para os olhos que o mereçam…

10) O que se deve levar para um show – um baixo ou mais? Encordoamentos, cabos – quantos? Partituras/cifras das músicas, mesmo se sabe de cor?

Mesmo não sendo o João Gilberto, às vezes precisamos levar o banquinho e o contrabaixo, bem acompanhados do arco, resina e afinador.
Como as cordas do acústico são bem resistentes e grossas, nunca vi contrabaixista com cordas sobressalentes na capa.
Quando toco com captador, costumo levá-lo acompanhado do cabo banana.

Dificilmente é necessário levar mais de um contrabaixo para as apresentações.
Isso só costuma acontecer, e bem raramente, se houver necessidade de usar afinações diferentes no contrabaixo.
Por exemplo: se o contrabaixista vai fazer um solo com orquestra, provavelmente ele estará usando a afinação de solo, com o encordoamento um tom acima (lá-mi-si- fá sustenido).
Ele tocará em Dó M e o contrabaixo soará em Ré M e a orquestra estará em Ré M.
Esse tipo de afinação serve para “economizar” as posições um pouco mais agudas, já que o contrabaixo soará mais agudo, e é usada desde o Classicismo, para deixar o som do contrabaixo mais brilhante.

Se o contrabaixista solista ainda precisar tocar depois na orquestra, como contrabaixista de orquestra – o que é bem raro- ele precisará de um contrabaixo com afinação de orquestra (sol-ré-lá-mi) porque, se ele tentar abaixar a afinação do seu contrabaixo em afinação de solo (um tom acima) será um desastre.
Aí, ele precisará de dois contrabaixos, mas provavelmente um deles, o de orquestra, já estará no local do concerto, bastando somente que ele leve o contrabaixo de solo.

A maioria dos concursos de orquestra para contrabaixo pedem peças de confronto usualmente tocadas com afinação de solo, e na hora de tocar as passagens orquestrais elas, em princípio, deveriam ser tocadas com afinação de orquestra.
O contrabaixista precisa se informar se a prova poderá ser feita num só instrumento, com afinação de solo.
Normalmente pode, mas é imprescindível perguntar isso, para evitar problemas com a passagem de uma afinação para outra no mesmo contrabaixo, que é reprovação no concurso na certa.

Na orquestra, sempre tocamos com partitura, mesmo que a música já esteja de cor.
Eventualmente, tocamos de cor alguma música do repertório usual da orquestra quando o maestro faz a apresentação da orquestra ou quando chama alguém do público para regê-la.
Quando o uso da partitura é opcional, tudo depende da sua segurança em tocar sem ela. Contrabaixistas de orquestra não têm muito o hábito de tocar sem partitura.
Nas duas vezes em que solei concertos de contrabaixo com orquestra, a música já estava de cor mas, mesmo assim, toquei com a partitura – de cabeça para baixo – na estante, como se fosse um patuá para dar sorte, hahaha!
Toquei numa peça de teatro (no palco) em que não era permitido o uso de partituras, e foi a única vez na minha vida em que tive que tocar as mesmas músicas durante oito meses consecutivos, de quinta a domingo, e encarar o público sem o artifício da estante com ou sem partitura. Sobrevivi…

11) Como você vê o mercado para o baixista profissional? Que “preço” o “candidato” deve estar disposto a pagar?

O mercado está muito fechado nas grandes capitais (Rio, São Paulo, Belo Horizonte, Brasília, Curitiba, Porto Alegre, etc.). As orquestras profissionais, bandas militares e as universidades dessas capitais atualmente estão com seus quadros completos, e a quantidade de cachês diminuiu muito nos últimos anos em muitas cidades.

Há orquestras e bandas militares em outras capitais do Brasil, mas eu não sei como está a questão das vagas pra contrabaixistas. O importante é saber que há vida orquestral contrabaixística fora das grandes capitais. Em Aracaju (SE), por exemplo, tem até uma orquestra de contrabaixos, a Orquestra Sergipana de Contrabaixos, dirigida pelo contrabaixista fluminense Jair Maciel.

Há também muita vida contrabaixística nas universidades brasileiras. Muitas dessas universidades têm professores de contrabaixo capacitadíssimos, até com mestrado e doutorado.

O “candidato” a contrabaixista deve estar preparado para encarar de cinco a oito anos de estudo, no mínimo, até conseguir entrar para uma orquestra profissional.
Durante, esse “estágio”, ele pode trabalhar e ganhar uns trocados em casamentos, orquestras jovens, shows, aulas particulares, etc.
Nesse ínterim, pode até ser que algum contrabaixista de orquestra profissional se aposente, e surja um concurso, ou mesmo que ele tenha que partir para capitais menores ou para o interior, enquanto aguarda (ou não) por uma vaga nas grandes capitais ou em orquestras melhores.
Viver de aulas particulares só não é algo incerto para quem é famoso.
A quantidade de alunos que desistem de estudar de repente é muito grande. As escolas de música costumam pagar pouco, e viver de tocar em casamentos não deve ser o sonho de ninguém que achatou, de quatro a oito horas por dia, a sua dumbete no banco para estudar.
Casamento só não é bico para os noivos. Enquanto os noivos estão felizes e saltitantes, eu constantemente fico deprimida com a qualidade musical nos casamentos.

Os contrabaixistas eruditos profissionais, que fazem “freelancer” atualmente aqui no Rio, têm uma orquestra profissional ou uma banda militar profissional para garantir um salário fixo. Os que não tocam nelas têm alguém ou algo que os ajuda a segurar as contas (família, cônjuge, herança, etc.).

Esse panorama, talvez até bem desanimador, não é para as pessoas desistirem de tocar contrabaixo.
É só um toque de realidade, porque muita gente pensa que tocar contrabaixo acústico é sair do elétrico ontem e tocar numa orquestra ou banda militar na semana que vem.

Contrabaixo requer persistência e a confiança de que dias melhores virão. Infelizmente, até por eles têm-se que lutar, mas o tempo de ganhar emprego de mão beijada já passou há muitas e muitas décadas, não é mesmo?

O “candidato” a contrabaixista só precisa saber que o maior investimento no seu estudo não é com a compra do contrabaixo ou mesmo do arco, mas sim o investimento do tempo para estudar, e esse tempo não tem preço e nem cartão de crédito que pague.
E já que vai investir tanto tempo, vê se estuda direito, para o tempo andar mais rápido, e logo você conseguir fazer um concurso e passar.
Logicamente, seu tempo para estudar passará a ser menor, mas será remunerado.

12) Seu setup predileto e seu setup dos sonhos. Explique o porquê de suas escolhas (leve em consideração seus conhecimentos técnicos/práticos sobre o assunto).

Como os contrabaixos acústicos são muito diferentes entre si, ao comprar um instrumento, é importante é saber o que se quer e torcer para poder escolher o que se quer.
Às vezes, a grana é curta e as oportunidades ruins. Às vezes, a grana é curta, mas a sorte é grande. Outras vezes, a grana é boa, mas as oportunidades não.
Também pode acontecer da grana ser boa, e aparecer um contrabaixo ótimo.

Se você for tocar numa orquestra, é importante ter um contrabaixo com graves potentes.
Se for tocar solo, um contrabaixo com agudos brilhantes e bem projetados é perfeito.
Se for tocar em shows, um contrabaixo com graves que não embolem e com bastante sustain é mais adequado, por exemplo.

Mas quando se é estudante, nem sempre a gente pode escolher o contrabaixo ideal.
Eu tive a sorte de ter um contrabaixo tcheco como meu primeiro instrumento e outro tcheco como segundo. E mais sorte ainda de ter o meu primeiro contrabaixo como quarto contrabaixo.

Ultimamente, grande parte dos alunos de contrabaixo têm tido os chinesinhos como primeiro instrumento.
Isso pode não ser tão ruim, pode ser temporário, enfim…
O importante é que tem. Se é um instrumento ou um “estrumento”, não importa. Dias melhores virão. Estude para isso.

Estou satisfeita com meus dois contrabaixos: a Margueritta é pequena, com agudos brilhantes e um som doce e bonito, e eu a uso em casa ou para solos; o Raphaello é grande, com graves redondos e cheios, e eu o uso em orquestra.
Meu sonho de consumo é ter um contrabaixo bem pequeno – um contrabassetto do Andrea Spada -, para poder levá-lo por aí, sem problemas com transporte, seja ele táxi, ônibus ou avião…
E, como já dizia o Hyldon, em “As dores do mundo”:
“E eu vou esquecer de tudo
Das dores do mundo
Não quero saber quem fui mas, sim, o que sou
E vou esquecer de tudo
Das dores do mundo
Só quero saber do seu, do nosso amor”

Gostaria também de ter um arco maravilhoso, para poder alternar com o meu atual.
Eu tinha um arco muito bom, mas ele quebrou durante uma encrinação, e foi constatado que ele veio com um micro remendo imperceptível do luthier que o fez.
Como ficou comigo por mais de década, e eu nunca vi isso, não dava nem para reclamar…

13) Considerações finais a seu critério – dicas, conselhos. Qualquer assunto/informação/detalhe adicional que queira compartilhar será muito bem vinda. As perguntas acima são somente um roteiro de assuntos a serem abordados, mas fique à vontade para acrescentar/suprimir o que julgar necessário. Se puder indicar, também, vídeos no YouTube para postarmos será ótimo. Acredito, que ganharemos muito em conhecimento com sua colaboração, Voila; mas agradeço desde já.
Abs.

Antes de terminar a entrevista, gostaria de agradecer o convite do Tarcisio Caetano e parabenizá-lo pela realização do seu projeto de entrevistas aqui no Fórum!

Tem um ditado popular que diz: “Não se desespere, porque até um chute na bunda te joga prá frente!”.
Portanto, não se desespere, contrabaixista, porque um bom objetivo te joga pro baixo!

Eu já fui jovem, e lutei por meus sonhos contrabaixísticos.
Muitos sonhos ficaram pelo caminho, outros continuam até hoje comigo.
Eu até poderia ter sido mais feliz, mas penso não dá para abraçar o mundo todo com as pernas, ainda mais com um contrabaixo acústico entre elas…
Mas eu já conheci muito do mundo assim, com ele bem junto de mim!…
Boa viagem para os que estão começando essa viagem contrabaixística!

E abraços e beijocas contrabaixísticas para todos!

Para ler mais sobre mim, acessem a minha autoentrevista “Eu sonhei que tu estavas tão…famosa!”:
https://www.voilamarques.com//2011/07/voila-marques-eu-sonhei-que-tu-estavas-tao-famosa/

Sobre dicas, acessem o “A-B-C-Dicas de Contrabaixo:
https://www.voilamarques.com//category/indice-a-b-c-dicas-de-contrabaixo/

Sobre bibliografia, repertório e assuntos contrabaixísticos, acessem a entrevista do contrabaixista Antonio Arzolla para o “Linhas de Baixo”:
https://www.voilamarques.com//2011/07/antonio-arzolla-bravissimo-arzolla/

Sobre métodos e assuntos contrabaixísticos, acessem a entrevista do contrabaixista Sandrino Santoro para o “Linhas de Baixo”:
https://www.voilamarques.com//2011/07/sandrino-santoro-um-grande-vinho-contrabaixistico/

Sobre experiência profissional e assuntos contrabaixísticos, acessem a entrevista em vídeo do contrabaixista Ricardo Vasconcellos para o “Fala Baixo”:
https://www.voilamarques.com//2013/01/projeto-fala-baixo-entrevista-com-o-contrabaixista-ricardo-vasconcellos/

Sobre as “Orientações contrabaixísticas”, acessem:
https://www.voilamarques.com//category/indice-orientacoes-contrabaixisticas/

Convite feito pela contrabaixista Ana Valéria Poles prá mim, e estou repassando procês!…

Programa contrabaixístico para domingo!

Infelizmente, ficarei aqui remoendo a minha inveja contrabaixística dos que assistirão o concerto…
Muito sucesso para você e o Sérgio, Valéria!
Beijocas contrabaixísticas

A Orquestra Bachiana Filarmônica SESI SP toca no dia 17 de março, sob a regência do maestro João Carlos Martins, tendo como solistas os contrabaixistas Ana Valéria Poles e Sérgio Oliveira.
Eles tocarão o Concerto para dois contrabaixos e cordas “Passione Amorosa”, de Giovanni Bottesini.

Programa:
Bottesini – Concerto para dois contrabaixos e orquestra (Passione Amorosa)
Mozart – Concerto em dó menor nº 24, K.491 para piano e orquestra (solista Vera Astrachan)
Haydn – Sinfonia nº 94, A Surpresa

Data: 17/03/2013 – domingo
Horário: 17h
Local: Sala São Paulo
Endereço: Praça Júlio Prestes, 16
São Paulo – SP
Tel: (11) 3045-0121
Ingressos: de R$ 10 a R$ 20
Telefone da bilheteria da Sala São Paulo: (11) 3223-3966
Ingresso rápido: 4003-1212 ou www.ingressorapido.com
Estacionamento: sim
Metrô: Estação Luz (linha azul)

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