Quando se é chamado para tocar em orquestras sinfônicas ou de câmara, principalmente as amadoras (mas não só elas), às vezes, existem algumas frases assim:
“… A situação está difícil e não vai ter cachê desta vez…”;
“… É um concerto sem cachê, para que futuros patrocinadores avaliem o potencial da orquestra…”;
“… Nesse concerto não haverá cachê, mas os próximos terão com certeza…”.
Para mim, uma coisa é você ter um grupo (duo, trio, quarteto) que toca de graça em entidades filantrópicas (asilos, hospitais, etc.); outra é você ser chamado para tocar de graça numa orquestra.
A logística para uma orquestra se apresentar tem sempre um preço elevado (transporte, divulgação, cachê do maestro, montagem do palco, iluminação, sonorização, aluguel do teatro, etc.).
Acho no mínimo estranho que falte dinheiro para o músico e não falte para as outras coisas.
Depois de tocar em algumas orquestras sem cachê e de ver o carrão importado novinho do maestro de uma delas, entre outras coisas, cheguei à conclusão de que, se você não recebe pelo que toca, alguém recebe por você.
Muitas orquestras são criadas com promessas de um futuro promissor, mas não passam de um trampolim para o maestro mostrar currículo para bolsas de estudo no exterior ou para concurso, etc, e, portanto, não sobrevivem a mais de um ou dois concertos.
Portanto, deixe o sonho ou o embuste da futura nova orquestra ou da orquestra não-nova para o maestro, e a realização de uma ou de ambas as coisas para a equipe de produção da dita, sem abrir mão do seu cachê.
Isso porque o trabalho musical vai ser seu, a decepção se o projeto não vingar vai ser sua, a indignação de ver outros colegas serem chamados no seu lugar se a orquestra continuar também vai ser sua…
Detalhinho: com cachê, procure sempre se precaver assinando contrato. Ele não é garantia de que você vai receber o dinheiro, mas é garantia de que você poderá lutar por ele até ele aparecer ou não, coisa impossível de acontecer sem contrato.
Pense que maestro pobre é uma questão de falta de mídia, que contrabaixista rico é uma questão de loucura, que contrabaixista pobre é um problema de concorrência, que contrabaixista bobo é só uma questão de papo e que o calote é universal.

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