Postagens de maio 24th, 2011


Uma noite, quase na hora de dormir, meu filho me pede para eu fazer um bolo de chocolate para ele.
– Tá muito tarde, querido!
Aí ele ataca de louva-a-deus e com as mãos juntinhas, implora:
– Por favor, mamãe, faz um bolo de chocolate prá mim, faz! Por favor!

A receita de bolo que vou passar para vocês foi criada nesse momento.
Ela é toda feita num mesmo recipiente e não precisa bater nadica de nada.

Ingredientes para o bolo:

100 gramas de manteiga com sal;
5 ovos;
Uma pitada de sal;
2 colheres (sopa) de açúcar;
2 colheres (sopa) bem cheias de leite em pó;
Meia xícara (chá) de água;
1 xícara + 2 dedos de Nescau;
1 xícara + 2 dedos de farinha de trigo;
1 colher (sopa) de fermento em pó.

Modo de fazer:
Derreta a manteiga por alguns segundos no microondas. Junte os ovos inteiros e o sal e misture bem. Acrescente o açúcar e o leite em pó e mexa bem.
Coloque a água aos poucos, porque pode ser que você não a use toda.
Acrescente o Nescau todo e dê uma boa misturada.
Faça o mesmo com a farinha. Veja a consistência da massa e coloque o restante da água se precisar.
Por último, coloque o fermento em pó, misture bem, coloque num tabuleiro untado com manteiga e enfarinhado (ou antiaderente), e leve ao forno pré-aquecido moderado até que, ao espetar o meio do bolo com um palito ou garfo, ele saia seco (uns 20 minutos talvez).
Tire do forno, espete o bolo todo com um garfo e regue com uma calda feita com 1 xícara e meia de água fervente e 2 colheres (sopa) de açúcar.

Minha filha sempre me pede o que ela chama de “docinho”. Brigadeiro para uns; docinho para ela.
Para a cobertura de “docinho”:
Faça um brigadeiro com 2 latas de leite condensado, 2 colheres (sopa) de manteiga com sal e 2 pitadas de sal em fogo brando, mexendo sempre para não grudar no fundo da panela.
Quando o doce começar a encorpar e a desgrudar do fundo e dos lados da panela, jogue por cima do bolo. Espere esfriar um pouco e polvilhe chocolate granulado, se possível de boa qualidade, porque os que existem no mercado normalmente são uma bosta.
Se você preferir esse bolo também com recheio de brigadeiro, faça o brigadeiro com mais uma lata de leite condensado, uma colher (sopa) de manteiga e uma pitada de sal, corte o bolo ao meio e divida a calda para as duas metades.
Repeti esse bolo com recheio e cobertura diversas vezes (e em muitos aniversários) e ele sempre ganha elogios, porque não fica doce, mesmo com a overdose de brigadeiro, e fica muito leve, por usar pouca farinha e muitos ovos.
Costumo usar uma forma redonda de 30 cm de diâmetro, com 4 cm de altura. Esse bolo rende de 16 a 20 fatias, no máximo.

Engraçada essa vertigem de estar preso hoje ao que vai te prender amanhã,
porque isso te prendeu ontem sem você saber,
e vai te prender prá sempre enquanto você só pressente os porquês…

Engraçada essa viagem pelo túnel do pensamento que te arrepia o corpo sem outro corpo
e que muitas vezes te faz negar esse mesmo outro e te leva a dar corpo às reticências…

Engraçada essa sensação de protelar dizer para o outro as dissonâncias que ecoam dentro de ti e te atormentam
E deixar a consonância do amor te tocar e sufocar entre tantas pausas…
Para ouvir a música que tanto te incomoda e que só toca dentro de você…
E que aguarda inutilmente os teus próprios aplausos…

Engraçado lutar pela paz às custas de tantas guerras
E ficar sentido com coisas sem sentido

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Para memorizar as posições no contrabaixo e não ficar “perdido” quando estiver tocando, é importante que o contrabaixista esteja sempre “consciente” da nota que está tocando, chamando a fofa pelo nome (dó-ré-mi, etc.).

No calor da empolgação, ele pode estar se esquecendo de pensar na nota que está tocando, ou o que é pior, pode se esquecer de vez do nome dela ou mesmo trocar o nome da coitadinha… Aí, nenhum traste salva, muito embora eu ache que traste nenhum tenha condições de salvar alguém…

Sem esse condicionamento, o baixista pode fazer todos os exercícios do mundo, mas não fixará posições porque, se ele não sabe o nome de uma nota, como decorará as doze notas de cada posição? Se ele usar um contrabaixo de cinco cordas, esse número passa para quinze, e se o dedilhado usado for o de quatro dedos, o número vai para dezesseis ou vinte notas…

Outra coisita: é importante estudar as paralelas.
Parece monótono, mas dá para fazer o maior “jazz” do estudo!

a) Pegue uma posição na 1ª corda (sol), toque todas as notas dela num desenho descendente e vá passando para as outras cordas;
b) Depois faça o desenho ascendente na 1ª corda (sol) e passe para as outras cordas;

c) Intercale: desenho descendente na 1ª corda, ascendente na 2ª, descendente na 3ª e ascendente na 4ª, ou vice-versa;

d) Coloque todos os dedos na 1ª corda e repita isso em cada uma das outras cordas.
Tire um dos dedos (1ª corda) e repita isso em cada uma das outras cordas.
Tira o outro dedo (1ª corda) e repita isso em cada uma das outras cordas, etc.
Faça esse exercício também com desenho ascendente;
e) Faça desenhos com um dedo em cada corda, ou seja, intervalos de terças e quintas, sempre começando com um dedo na 1ª corda e o(s) outro(s) na 2ª corda, repetindo esse intervalo nas outras cordas.

O importante nesse estudo é saber TODOS os nomes das notas que estão sendo tocadas.

Daí, é só avançar uma posição por dia de estudo, totalizando duas posições por dia.
Fique nessas duas posições por uns dois ou três dias ou mesmo durante uma semana.

Agora que você já tem alguma intimidade com as notas e já sabe o nome de todas elas, aproveite esse tempo para conhecer melhor as posições: faça escalas e intervalos variados dentro de uma mesma posição, e depois escalas em uma só corda, mas não vá se empolgar com a variedade de notas e sair chamando urubu de meu louro, certo?

Faça um esforço para tocar com o dedo 4 e saber também que nota está debaixo dos outros dedos. A fase de namorar e casar com uma nota só já passou, você já se separou dela e agora está “ficando” com várias notas para conhecer as tais posições. Lembre-se que estudar uma “posição” não quer dizer estudar “dedo”. Posição = dedo no plural…

Se você conseguir fazer esses exercícios até a metade do braço, já estará de bom tamanho.

Mais para frente, sugiro que você comece a pensar na nota que quer tocar, antes de tocá-la, não só no nome – nessa fase você já aprendeu que com nota a gente até brinca, mas não pode esquecer o nome – e sim no som dela.

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A mudança de posição acontece quando subimos ou descemos a mão esquerda no contrabaixo, seja para tocar outras notas, seja para tocar as mesmas notas em outra corda, por exemplo.

O contrabaixo é um instrumento grande e as distâncias entre as notas também são grandes. Isso não impossibilita, mas dificulta a execução de passagens musicais muito rápidas, por exemplo.

Mudança de posição não quer dizer mudança brusca de velocidade da mão e do braço esquerdos a cada saída de uma posição ou a cada chegada da mão à outra posição, porque isso pode ocasionar uma mudança “suja”, em que o som pode ficar muito entrecortado com os arranques da mão, sem contar o gasto inútil de energia a cada aceleração e a cada desaceleração da mão e do braço esquerdos.

Mudança de posição numa mesma região (grave ou média) também não quer dizer mudança de forma da mão, porque a cada vez que a forma da mão muda, é necessário recolocá-la no lugar para que sejam tocadas as notas que resultaram da mudança de posição, sem contar a perda de tempo para encolher e abrir a mão.

Mudança de posição também não quer dizer mudança de dedo. Você pode mudar de posição com o mesmo dedo.
Por que, ao fazer uma mudança de posição com do dedo 1 para outra com o dedo 4, ao chegar na nota o dedo 2 (ou 3) fica levantado ou fingindo que está prendendo a corda?
Bem, isso sem contar as vezes em que ele fica tão frouxo que não consegue nem ficar no lugar certo.
Se o dedo 2 for solicitado de repente, a afinação não precisa ir: já está no beleléu.

A mudança de posição com dedos diferentes é feita com o dedo que você está tocando, que vai sendo tirado ou colocado gradativamente, enquanto os outros dedos vão sendo tirados ou colocados gradativamente até pararem na nota de chegada.

Esse movimento gradativo de tirar ou de colocar os dedos é feito lentamente, sem tensionamentos.

Um portamento, ou escorregar do som para o agudo ou para o grave inicialmente é esperado.

Com o tempo, a velocidade constante da mão esquerda passa a ser maior, diminuindo esse portamento.

Se você toca com arco, o próximo passo é desacelerar discretamente a velocidade do arco na mudança de posição, para acabar com o portamento involuntário das notas.

Clareando as idéias:
a) Para fazer a mudança de posição não há necessidade de se encolher os dedos ou a mão;

b) Não se sai rapidamente de uma nota e não se freia bruscamente em cima de outra nota;

c) O dedo que está sendo usado anda um pouco em direção à próxima nota e a mudança de posição é feita preenchendo o espaço que fica entre essas duas notas, colocando-se gradativamente os dedos necessários para a execução da nota de chegada.
Por exemplo, se a nota de chegada é com o dedo 4, todos os dedos da mão estarão sob a corda, pressionados, na nota de chegada;
d) O dedo que está sendo usado anda um pouco em direção à próxima nota e a mudança de posição é feita preenchendo o espaço que fica entre essas duas notas, tirando-se gradativamente os dedos que não serão necessários para a execução da nota de chegada. Por exemplo, se a nota de chegada é com o 1º dedo, todos outros dedos da mão estarão fora da corda na nota de chegada.

Exemplos:
1) Na 1ª corda, nota lá como o dedo 1, indo para a nota dó com o dedo 4:
Sair do lá com o dedo 1 e antes desse dedo chegar ao si bemol, coloca-se gradativamente os dedos 2,3 e 4 sob a corda. Todos os dedos pressionam aos poucos a corda. Pouco antes de chegar ao dó com o dedo 4, todos os dedos já estão pressionando normalmente a corda, e aí ao chegar na nota a mão pára de andar suavemente;

2) Na 1ª corda, nota dó com o dedo 4, indo para a nota lá:
Sair do dó com o dedo 4 (todos os dedos pressionando a corda). Antes de chegar ao si, tira-se da corda gradativamente os dedos 4, 3 e 2. O dedo 1 pressiona gradativamente a corda. Pouco antes de chegar ao lá, ele já está pressionando normalmente a corda e aí a mão pára de andar suavemente ao chegar na nota.

Detalhes importantes:
a) Numa mesma região (grave ou média) a forma da mão não muda, independente do dedo que você vai fazer a mudança de posição;

b) É importante pensar na posição e não somente nos dedos ao fazer a mudança de posição, pois, como o nome já diz, é mudança de posição e não mudança de dedo;

c) O braço esquerdo “escorrega” junto com a mão esquerda. Se ele for mais rápido ou mais devagar que a mão esquerda, o pulso ficará “quebrado”.

Movimento do braço esquerdo na mudança de posição:

Ponha a mão no início da 1ª corda (sol). O braço desce junto (na mesma velocidade) da mão até mais ou menos a nota ré. A partir daí o cotovelo dá uma “paradinha” e o antebraço vai descendo sozinho, enquanto o cotovelo faz uma micro-rotação e “leva” o braço inteiro na direção da parte aguda do instrumento. O encaixe desses movimentos é feito de forma suave e contínua.

Para facilitar a compreensão da forma da mão na mudança de posição, pegue uma caixa de fósforos e reserve perto do seu contrabaixo.

Vá para o contrabaixo e imagine um trem passando por um trilho.

Agora, imagine a locomotiva passando por esse trilho em linha reta.

Imagine a locomotiva passando na 1ª corda do seu contrabaixo.

Pegue a caixa de fósforos reservada e faça dela a sua locomotiva.

Ponha essa caixa de fósforos sob a 1ª corda e passe-a para lá e para cá na corda.

Ela mudou de formato por causa disso? Não, não é?

Agora, deixe a caixa de fósforos para lá e coloque a sua mão esquerda para deslizar devagar pela mesma corda que a “locomotiva” passou. Vá até onde termina o braço do instrumento (braço, não o espelho ou “escala”, certo?) e volte.

Por que a sua mão se modifica?

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Antes de chegarmos à mudança de posição, faremos uma revisão rápida de dedilhados e posição.

Começaremos pela numeração dos dedos da mão esquerda nas regiões grave e média do contrabaixo:
Dedo 1= indicador
Dedo 2= médio
Dedo 3= anular
Dedo 4= mindinho
Polegar= polegar

No contrabaixo acústico tocamos nas regiões grave e média somente com três dedos.

Com esses três dedos temos dois dedilhados: o italiano e o germânico (ou alemão).
1) No dedilhado italiano são usados os dedos 1-3-4.
O dedo 2 passa a ser um dedo só com o dedo 3, ou seja, ele passa a apertar as cordas ou levantar das cordas, junto com o dedo 3;

2) No dedilhado germânico (ou alemão) são usados os dedos 1-2-4.
O dedo 3 passa a ser um dedo só com o dedo 4, ou seja, ele passa a apertar as cordas ou levantar das cordas, junto com o dedo 4.

Em ambos os dedilhados, o polegar funciona como uma alavanca (um apoio).
Ele fica posicionado entre os dedos 1 e 2, ou debaixo do dedo 2, sempre no meio da largura do braço, não importando em que corda você esteja tocando. Ele não fica duro, nem faz pressão em direção às cordas: é ligeiramente curvo e somente encosta no braço, se possível, com a primeira falange.

A distância entre os dedos será de um semitom, que é o menor intervalo entre duas notas na música ocidental.

1) Se você usar o dedilhado italiano, terá um semitom entre os dedos 1 e 3, e um semitom entre os dedos 3 e 4;
2) Se você usar o dedilhado germânico, terá um semitom entre os dedos 1 e 2, e um semitom entre os dedos 2 e 4.
Com isso, concluímos que a distância entre os dedos 1 e 4, em ambos os dedilhados é de um tom.

Na sua vida contrabaixística ou você será um contrabaixista que toca com o dedilhado italiano ou será um contrabaixista que toca com o dedilhado germânico.

Ambos os dedilhados são usados até a nota fá sustenido na 1ª corda (sol) com o dedo 4, quando então são usados os dedos 1-2-3 em três posições.

A colocação da mão esquerda (parada) com um dos dedilhados (italiano ou germânico) numa mesma corda resultará em 3 notas distintas, e chamaremos esse conjunto de notas de “posição”.

Se você mover a mão para os lados (para as outras cordas), com o mesmo dedilhado (italiano ou germânico), sem mexer a mão para cima ou para baixo, você continuará na mesma posição.

Concluindo: posição é o conjunto de notas que são feitas a partir do dedilhado italiano ou germânico, com a mão numa mesma altura, em todas as cordas. Cada posição tem três notas em cada corda, ou seja, doze notas no total (em um contrabaixo de quatro cordas).

Cada vez que a sua mão esquerda descer ou subir pelo braço do instrumento, você terá outras “posições”.

As posições são denominadas por um numeral ordinal (1ª posição, 2ª posição, 3ª posição, etc.), exceção feita à meia posição, que “seria” a primeira posição, já que produz as notas mais graves de cada corda, mas que é chamada assim.

A nomenclatura das posições depende do método utilizado: uns tratam cada posição por um número ordinal inteiro e outros acrescentam a esses numerais meias posições (2ª meia posição, 4ª meia posição, etc.), mas não se preocupe porque, com o tempo, você aprenderá que o mais importante é afinar, tocar e se acostumar com uma nomenclatura só, para não ficar perdido pelo braço do instrumento.

Cada vez que você passar de uma “posição” para outra, você fará uma mudança de posição.

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OBS: Esse exercício parece pouca coisa, mas é cansativo porque se perde muito tempo tentando relaxar a mão, o ombro e o braço para fazê-lo bem feito. Por isso, é necessário repeti-lo poucas vezes.

OBS2: Faça esse exercício ao longo de alguns dias somente na corda sol. Conforme você for adquirindo mais resistência, aumente a contagem, passando de três tempos para quatro e depois de mais alguns dias para cinco.
A partir daí, Você poderá também começar o exercício ao contrário, colocando o dedo 1 na corda, contando e tirando da corda, colocando o dedo 1 de novo, contando e colocando o dedo 2, contando, tirando tudo da corda, etc.

Depois disso, vá para a 2ª corda (ré), fazendo todo o procedimento inicial e ficando nele por alguns dias, aumentando a contagem de acordo com a resistência. Não se esqueça de contabilizar o tempo que você também estará fazendo esse exercício na corda sol, antes de começá-lo na corda ré;
c) A partir daí, você poderá deixar o estudo menos chato, fazendo exercícios de dedos alternados (corda solta=0):
0-4-0-4, 4-2-4-2, 2-1-2-1. Pausa. 0-1-0-1, 1-2-1-2, 2-4-2-4. Pausa. 4-1-4-1, 1-4-1-4, com dois tempos para cada nota. Fazer duas séries.
Depois de alguns dias, fazer sem pausa. Conforme você for adquirindo mais resistência, começar a série na 2ª corda, não se esquecendo de fazê-la na 1ª corda sempre antes de começar o estudo.

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Considero como exercícios básicos para contrabaixistas iniciantes, aqueles de “resistência” física e “fortalecimento” dos dedos. Para tocar contrabaixo não se usa a força, mas sim o peso do corpo. E como o peso peeesa!!
Na minha opinião, uma “ginástica contrabaixística” é fundamental para os alunos iniciantes de contrabaixo:

a) Posicione a mão esquerda no contrabaixo colocando os quatro dedos sobre a 1ª corda (sol) sem apertá-la. Coloque a mão com peso sobre a corda, procurando “descansar” a mão sobre a corda, como se direcionasse o peso do braço para o cotovelo. Faça isso sem levantar o ombro. O polegar não “empurra” o braço do instrumento. Ele só se apóia no braço. Se ele fizer “força” para cima, terá também que “lutar” contra o peso de quatro dedos e um braço, que estão fazendo peso para baixo. Procure deixar a mão flexível nesse exercício. A mão dura é colega do braço duro e do ombro levantado e, a longo prazo, são todos inimigos do contrabaixista;

b) Com a mão e os quatro dedos pesados sobre a corda, conte até três e tire-os da corda, mantendo a posição (sem levantar demais a mão e sem desfazer a posição no ar). Refaça o movimento, colocando os quatro dedos pesados sobre a corda, conte até três e aí levante os dedos mindinho e anular (dedos 3 e 4) ao mesmo tempo, só que devagar, procurando “passar” o peso dos dedos que levantaram para os dedos que continuam na corda. Não levante demais os dedos e não os deixe duros.

É importante manter o relaxamento da mão nesse exercício.
Aí, conte até três e tire a mão da corda.
Refaça o movimento todo, conte até três com os quatro dedos na corda, levante os dedos 3 e 4 ao mesmo tempo, conte até três e levante o dedo médio (dedo 2) devagar, procurando “passar” o peso dos dedos que levantaram para o dedo que continua na corda.
Não levante demais os dedos e não os deixe duros.
É importante manter o relaxamento da mão nesse exercício.
Aí, conte até três e tire a mão da corda. Faça a série toda umas três vezes, no máximo.

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Existem exercícios de fortalecimento dos dedos da mão esquerda fora do contrabaixo?
Há, mas não acredito que a utilização desses exercícios seja um consenso contrabaixístico, porque perguntei sobre isso para vários colegas contrabaixistas. A maioria não faz nada além de alongamentos. Os que fazem exercícios de fortalecimento para os dedos e as mãos (sem o contrabaixo), me deram algumas dicas:

a) Em frente à parede, mas um pouquinho afastado dela, apóie as pontas dos dedos das duas mãos (dedos arredondados, com as mãos em forma de “conchinha”) na parede. Flexione ligeiramente o corpo em direção às mãos, como se fosse uma flexão de braços, só que feita em pé. Isso fará com que o peso do seu corpo vá para os dedos, fortalecendo-os com a continuidade do exercício. No início, faça poucas repetições de curta duração. Conforme o seu condicionamento físico for melhorando, vá aumentando o número de repetições e a duração do exercício;
b) Faça exercícios de abrir e fechar as mãos com uma bolinha macia, aumentando o número de repetições e a duração do “amasso”, conforme adaptação aos exercícios e melhoria do condicionamento físico;

c) Faça o mesmo exercício acima, mas com um “aparelhinho” próprio para isso, usado pelos guitarristas.

Esses aqui também servem para a coordenação motora:

d) Grude os cotovelos na lateral do corpo e feche as mãos com os polegares voltados para você. Abra e feche as mãos, fazendo um movimento de “L” com dedos juntos, sem dobrar os pulsos, mantendo os polegares “fechados”, de forma que só os outros quatro dedos das mãos “estiquem”. Fazer várias repetições, de forma bem “articulada”. Com o condicionamento, acelerar os movimentos.
e) Depois, “estique” cada dedo separadamente, fazendo um movimento de “L”, sem dobrar os pulsos e não se esquecendo de exercitar também os polegares. Fazer várias repetições, de forma bem “articulada”. Com o condicionamento, acelerar os movimentos.

OBS: Os dedos das duas mãos se “encontram” toda vez que forem esticados para o lado (base do “L”), e ficam paralelos toda vez que forem esticados para cima (lateral do “L”).

O uso de elásticos também fortalece os dedos das mãos. A bolinha fortalece, priorizando o movimento de fechar as mãos. O elástico fortalece, priorizando o movimento de abrir as mãos.

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Minha opinião sobre o assunto dos dedilhados é que a geração anterior a dos grandes precursores do contrabaixo no Brasil (Sandrino Santoro, ex- professor da UFRJ; José de Barros Chagas, Orquestra Sinfônica. de Recife; Hector Rossi, ex-professor da UFPB, entre outros), não teve muita escolha na hora de estudar. Muitos contrabaixistas sul-americanos estudaram com italianos vindos da Europa, que chegaram aqui através das companhias de ópera vindas da Europa em turnês pela América Latina, outros estudaram com alunos desses contrabaixistas.

O Sandrino, por exemplo, é italiano de nascença, mas começou seus estudos de contrabaixo no Brasil. Ele teve como professores um italiano, o Leopardi e um russo, o Vassili.
A mesma coisa deve ter acontecido com os contrabaixistas argentinos e uruguaios, etc, que têm hoje entre 60 e 70 anos de idade. Acredito que eles só tiveram acesso à existência do 1-2-4, quando já era tarde demais.

Naquela época, ou você estudava o que mandavam, ou te mandavam estudar outra coisa…
Acho que todos eles foram filhotes da ditadura contrabaixística… Não sei também se a “abertura” contrabaixística, feita por esses contrabaixistas ao questionar “baluartes” técnicos como o dedilhado 1-3-4, teve alguma coisa a ver com as aberturas políticas dos países em que viviam, se ela aconteceu após fatos políticos.

Não podemos esquecer que o pós-ditadura torna os artistas mais livres e abertos à idéias novas e intercâmbios, porque eles passam a ter um espaço novo para isso, que antes era dedicado à resistência e à denúncia cultural.

Estou querendo dizer com tudo isso, que esses questionamentos e as consequentes mudanças, como no ensino dos dedilhados, só devem ter sido possíveis de se tornar realidade, após uma ruptura com as tradições e uma aliança com idéias novas.

Hoje em dia, temos muito mais democracia no ensino do contrabaixo. Viva a diferença!

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O problema de usar o tempo todo o dedilhado 1-2-3-4 no contrabaixo acústico, é que força demais a mão.
Eventualmente, em extensões e pivôs acho viável, mas a partir da 4ª posição (ré- ré sustenido- mi) e, ainda assim, isso depende também do contrabaixo…

Por não ter traste, as posições no contrabaixo acústico vão diminuindo de tamanho, conforme as posições vão alcançando notas mais agudas. Mesmo assim, o contrabaixista ainda usará muito algumas posições “grandes”, como é o caso da meia-posição (corda sol: sol sustenido- lá- si bemol) e da 1ª posição (corda sol: lá- si bemol- si bequadro).

Colocando mais um dedo e uma nota nessa posição, será impossível manter os dedos totalmente presos e parados na corda, como usualmente fazemos numa “posição”.
Numa mesma posição e numa mesma corda só existe um movimento básico: abaixar e levantar os dedos.

Usando o dedilhado 1-2-3-4, será acrescentado a esse movimento básico mais um outro: “abrir” cada dedo sempre que for tocar com o dedo 4 e “fechar”. Assim, a idéia de “posição” fica mais relacionada aos dedos do que à mão.

Sem um bom professor de contrabaixo, dificilmente o aluno conseguirá tocar de forma relaxada com esse dedilhado que, naturalmente, já “abre” a mão mais que o necessário.

Usamos somente o peso do corpo para tocar, sem força. A mão esquerda deve ser precisa e flexível sem ficar “dura” de forma alguma.

Uma informação importante: numa mesma posição, o espaço entre todos os dedos usados deve ser igual. No dedilhado 1-2-4, por exemplo, o espaço entre esses dedos é o mesmo. O dedo 3 fica entre os dedos 2 e 4.

Já vi contrabaixistas de elétrico tocarem com dedilhado de contrabaixo acústico, mas conheci e fiz aulas com um grande contrabaixista holandês, Hans Roelofsen, que foi o único contrabaixista até hoje que vi tocar com dedilhado 1-2-3-4 no acústico. Ele tem uma mão bem grande, com dedos muito longos e fortes, e usa a mão esquerda como se fosse um violoncelo.

Os violoncelistas usualmente utilizam o dedilhado 1-2-3-4 e também abrem cada dedo ao tocar (pivô), mas como as posições do instrumento são menores, eles conseguem fazer uma posição com a mão parada e os dedos prendendo todas as quatro notas, sem tensionar a mão, o que é praticamente impossível de ser feito no contrabaixo, mesmo que com um contrabaixo de posições pequenas.

As chances de tendinites no futuro são um caso a considerar, salvo se o aluno estiver sendo bem orientado por um professor de contrabaixo muito bom.

Bem, essa é a minha opinião…

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