Postagens de maio, 2011


Interpretação é a forma técnica que escolhemos para expressar nossos sentimentos na música através do instrumento, e que também usamos para valorizar as passagens musicais.
A interpretação está diretamente ligada ao estilo da música e também ao estilo de época em que ela foi escrita, sendo que, mesmo com as “convenções interpretativas” usadas, tanto o estilo da música quanto o estilo de época em que ela foi composta podem sofrer algumas modificações relacionadas à contemporaneidade da época em que a música está sendo executada.
Muitas das “tradições” da interpretação nos foram passadas oralmente ou musicalmente de professor para aluno ou através de livros. A falta de registros sonoros anteriores à invenção do gravador, não nos deixa afirmar com 100% de certeza que aquela determinada música era realmente executada de determinada forma no século XVIII, por exemplo.
Primeiramente, devemos especificar o estilo a que pertence a música a ser executada: erudita, popular, jazz, chorinho, blues, etc.
Todos esses estilos têm a sua própria linguagem de interpretação e essa linguagem é bem definida e específica.
Você até poderá misturá-las, mas conscientemente, porque poderá causar estranhamento para quem ouve, uma música popular executada com vibrato lírico excessivo e/ ou com a regularidade rítmica (sem o suingue) da música erudita, por exemplo.
O mesmo acontecerá com uma música erudita executada com acentos não escritos, que são freqüentes na música popular, ou na execução de um chorinho “carregado” de sons expressivos, que tiraria a leveza da música, ou de um improviso jazzístico escrito e também tocado ao pé da letra.
Mesmo com todas as “convenções interpretativas” usuais, a música está sujeita à contemporaneidade em que o artista vive.
A despeito dos livros que tratam de interpretação de música antiga e das tradições musicais, muitos músicos e grupos de música erudita fazem uso da interpretação não-usual, como quando interpretam peças do período clássico de forma romântica e com excesso de expressão, por exemplo, seja por falta de conhecimento musical, seja por opção pessoal, seja porque essa forma de interpretação torne a música mais próxima de uma parcela de ouvintes, seja porque essa forma de interpretação torne a música mais vendável, etc.
Na música popular é possível notar uma expressiva diferença de interpretação entre as músicas de 30 ou 40 anos atrás e as releituras mais atuais, tanto no vibrato e no portamento dos cantores, como no timbre e na escolha dos instrumentos, por exemplo, entre outros aspectos.
Não há uma unanimidade no que diz respeito à interpretação musical: há um consenso, que pode ser seguido ou não.
Ignorâncias e/ ou excentricidades á parte, penso que uma boa dose de conhecimento musical e outra boa dose de bom-senso sejam essenciais para que a interpretação de uma peça não descambe para a breguice desnecessária ou para a inexpressividade também desnecessária.
Note que, em determinadas situações, a breguice é necessária, como ao interpretar alguns clássicos da música popular, ou na execução de alguns clichês açucarados da música erudita ou de alguns trechos de ópera. Em outras situações, a inexpressividade também pode ser necessária, seja para dar um toque “frívolo” à música, como para diferenciar um trecho musical de outro mais expressivo.
Não sou purista, mas penso que não dá para executar uma obra de Mozart da mesma forma que uma obra de Verdi ou de Tchaikovsky, etc.
O conhecimento dos estilos musicais também torna o músico menos limitado e monótono, pois não existe nada mais chato que alguém que toca música barroca igual à música clássica ou romântica, ou que toca uma música igual à outra, seja por falta de conhecimento musical, seja por falta de técnica no instrumento.
Não adianta conhecer estilos e não ter técnica musical para colocar todo o conhecimento em prática.
Quando se inicia o estudo de um instrumento é óbvio que vai faltar técnica e talvez também o conhecimento musical, mas isso se aprende com o tempo.
Pense que se você resolveu estudar contrabaixo é porque é uma pessoa de estilo e espere os outros estilos e a técnica darem as caras.

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É muito importante relaxar aquele “mocotozinho” que fica debaixo do polegar: aquela parte gordinha da mão.

O peso do arco é dado pelo peso do seu corpo.
Ele vem das suas costas, passa pelo seu ombro, desce pros braços e vai para os quatro dedos, que por fim “descansam” na vareta do arco.
O polegar é “pau mandado”: só serve de apoio e para dar direção ao arco, ou seja, ele não aperta o talão.
Ao apertar, ele estará “lutando” com o peso dos quatro outros dedos e também do braço e do corpo todo.
Lembre-se que o peso é feito de cima para baixo.
Para que deixar o pobre do polegarzinho sozinho nessa, não é?

Um dedo duro sempre “delata” um ombro contraído.
Preste sempre atenção no seu ombro direito e, sempre que possível, ao equilíbrio dos dois ombros.

O contrabaixista quando senta ou toca em pé, usa o corpo ligeiramente inclinado para frente. Ligeiramente mesmo, tipo 2 cm no máximo.
Isso faz com que o peso do corpo se desloque para frente.

De “bônus”, esse deslocamento do peso do corpo acrescenta um pouquinho mais de “comprimento” aos seus braços.

Faça o teste: sentado em frente ao computador, estique a sua mão (qualquer uma delas) ao máximo, e a deixe encostada na lateral do monitor. Agora incline um tiquinho o seu corpo para frente. Viu como a sua mão também estica?
Sabe o que isso significa?

a) Algumas notas a mais com a mão esquerda na região aguda do instrumento;
b) Alguns centímetros a mais de braço para esticar o arco.
Aproveite isso, porque para fazer notas longas estamos sempre em desvantagem, já que o arco de contrabaixo é mais curto que o do violino, o da viola e o do violoncelo…

Ao puxar o arco é importante sentir o movimento das escápulas trabalhando.
O braço direito nunca fica esticado completamente, e sim ligeiramente flexionado, procurando “repousar” sobre o contrabaixo o mais natural e relaxado possível.
Dessa forma, você sentirá o braço “pesado”.
É esse peso que faz o som do contrabaixo…

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Quando se começa a estudar um instrumento é importante também começar a ler e a tocar na clave mais usada pelo instrumento escolhido e, futuramente, ler e tocar na(s) outra(s) clave(s) também utilizadas pelo instrumento escolhido, mesmo que você ache que já chegou ao seu limite de conhecimento no instrumento e/ou que jamais vai topar com uma clave daquela na sua vida… Nunca se sabe a partitura de amanhã…
Existem instrumentos melódicos (que tocam uma nota de cada vez) que fazem uso somente de uma clave, como o violino, o flautim, o trompete, etc.
Existem outros instrumentos também melódicos (que tocam uma nota de cada vez) que fazem uso de mais de uma clave, dependendo da região da nota a ser executada (grave, média ou aguda), como o contrabaixo, o violoncelo, etc.
E existem também os instrumentos harmônicos (que tocam mais de uma nota ao mesmo tempo), que fazem uso de duas claves simultâneas, como é o caso do piano, do cravo, da harpa, etc.
Começar a ler na clave do instrumento incomoda no início, especialmente quando é o seu primeiro instrumento.
Ler bolinhas é um saco, ainda mais quando, para você tocar aquela música misteriosa, você depende do raio da leitura. “Acho que eu vi um sol!… Ou será um si? Já sei: é um lá!”. No meio desse tiroteio, aprenda a contar bolinhas. Ou você acha que a sua vida seria sempre contar carneirinhos na hora de dormir?
Eventualmente, pode haver um pouco de confusão mesmo quando já se tem alguma fluência na leitura, principalmente quando se opta por mudar de instrumento e as claves são diferentes, ou quando chega a hora de tocar no seu próprio instrumento notas em outra clave. No fim dá tudo certo, e se não der, você volta e lê de novo até aprender…
Para evitar problemas futuros, como ficar quase vesgo ao tentar descobrir que raio de bolinha preta é aquela que insiste em dançar enquanto você toca para ela, uma ida ao oftalmologista costuma ser uma boa dica.
As partituras para contrabaixo acústico podem ser escritas em até três claves: fá, para a região grave; dó (na 4ª linha), para a região média; sol, para a região aguda.
As claves mais usuais são as de fá e de sol mas, por exemplo, quando uma peça escrita fica por muito tempo na parte “aguda” da clave de fá, é preferível usar as claves de dó ou de sol, assim como quando uma peça fica muito “aguda” na clave de dó, é preferível usar a clave de sol, para que sejam evitados aqueles tracinhos colocados fora das linhas, mas que fazem papel de linhas também, as chamadas linhas suplementares.
Nesses casos, é mais fácil de ler a música mudando de clave, do que tendo que contar as linhas! O mesmo acontece com quando tem muita nota “grave” escrita na clave de dó, que pode passar para a clave de fá, ou quando tem muita nota “grave” na clave de sol, que pode passar para a clave de dó ou para a de fá.
Por exemplo, imagine a clave de fá. Pense na nota si, que fica acima da última linha escrita. Depois disso, é escrita a primeira linha suplementar superior, para que seja colocado o dó seguinte. Supondo que se queira tocar uma escala de dó a partir daí, naturalmente vai ficar bem mais fácil de ler se você passar as notas para a clave de dó ou para clave de sol, evitando assim tocar o sol na terceira linha suplementar superior da clave de fá, ou o lá no 4º espaço suplementar superior, etc.
Note que para mudar de clave nem sempre é necessário haver muitas notas suplementares. Existem partes escritas para o contrabaixo acústico em clave de fá em que, de repente, aparecem duas notas na clave de dó ou de sol, e depois a música volta para a clave de fá, indo assim até o fim, etc.
Quando se lê uma parte computadorizada, em que todos os espaços e linhas superiores são padronizados, ainda é possível ler um festival inútil de notas suplementares, mas quando se lê partes manuscritas, às vezes é quase impossível de se tocar claramente numa primeira vista…
Acho também importante que você toque a música na altura em que ela foi escrita. Usualmente, uma parte escrita na clave de sol é para ser tocada na parte aguda do contrabaixo.
O contrabaixo acústico tem uma particularidade em muitas das partes escritas para solo: quando vem escrito “suono reale” ou “som real”, é para ela ser tocada uma oitava mais aguda do que está escrito. A grosso modo, isso quer dizer que você estará lendo para contrabaixo e ele estará soando como um violoncelo.
Se é para estudar contrabaixo com partitura, acho imprescindível que a leitura seja adequada ao instrumento, não só para que você tenha fluência naquilo a que se propôs a fazer, como também para que não haja dificuldade quando você for chamado para tocar por partitura em outros lugares.
Em gravações, por exemplo, às vezes é feita uma leitura rápida da música e já grava.
Se você for substituir de última hora algum músico em show, dificilmente vai rolar um ensaio exclusivo para você. Quando muito, dá para dar uma passadinha antes do show, e só…
E se as partes estiverem escritas e você não tiver fluência na leitura?
Em casamentos, nunca há ensaio, e em orquestras “imprevistos” também acontecem e você pode ser obrigado a ler uma parte nunca d’antes vista… durante o concerto!
Para conseguir material para contrabaixo, existe muita coisa nos 4shareds e rapdshares da vida, ok?

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”O contrabaixo acústico tem uma particularidade em muitas das partes escritas para solo: quando vem escrito “suono reale” ou “som real”, é para ela ser tocada uma oitava mais aguda do que está escrito. A grosso modo, isso quer dizer que você estará lendo para contrabaixo e ele estará soando como um violoncelo.”
Só mais um detalhe sobre isso…
O contrabaixo é um instrumento muuuuito grave. Ele soa uma oitava abaixo do que está escrito, ou seja, quando se lê uma nota qualquer, ela estará soando a mesma nota, só que oito notas mais grave.
Para se escrever uma parte para contrabaixo só com notas graves, em que fossem soadas as notas na altura real, seria necessária a criação de uma outra clave ainda inexistente, pois as notas graves na clave de fá teriam que ser escritas somente em linhas e espaços suplementares inferiores.
Por isso, para que a nota seja tocada na altura real em que está escrita (suono reale) é necessário que o contrabaixo não soe uma oitava abaixo como de costume. Daí, ela é executada uma oitava acima.
Como escrevi anteriormente, esse recurso é utilizado em peças para solo, em que são explorados recursos mais virtuosísticos do instrumento, sendo a região aguda mais frequentemente usada para isso.
Em qualquer outra situação, o contrabaixo soa sempre uma oitava abaixo do que está escrito, ou seja, quando se lê uma nota qualquer, ela estará soando a mesma nota, só que oito notas mais grave.

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(Como o texto está bem longe de ser “científico”, usarei aspas para denominar algumas das memórias abaixo)

Antes da música chegar aos dedos, ela passa pela sua cabeça, que dá os direcionamentos necessários (e às vezes desnecessários) para você tocá-la.

Antes da música sair do “coração”, ela fez um longo estágio na sua cabeça também…
“Papagaio come milho e periquito leva a fama”, conhece?
Pois é, a sua cabeça comeu o milho e o seu coração levou a fama…

Conclusão: a parte mais musical de você não é a mão divina ou o coração de manteiga, etc: é a cabeça (de cima) mesmo…

Quem tem cabeça, tem memória e a cabeça de um músico é “multifuncional”: tem várias memórias…

Um instrumento para ser tocado e/ou aprendido depende dessa série de memórias, que atuam em conjunto para que isso aconteça.
A afinação também é consequência disso.

a) memória auditiva: quando você procura tocar o que já ouviu. É a memória do som que está dentro de você;

b) memória espacial: quando você procura deslocar a mão dentro de um espaço pré-estabelecido para que uma determinada nota soe. É a memória que está nas proximidades físicas de você;

c) memória visual: quando você “decora” um movimento e/ou uma imagem e procura repeti-los. É a memória que está interligada ao que você já viu.
OBS: a técnica do instrumento está diretamente relacionada a essa memória, e a afinação está indiretamente relacionada a ela.
Ex: quando você visualiza internamente uma forma para as mãos, você a torna um padrão a ser seguido. A afinação será decorrente disso, porque mãos organizadas têm uma chance maior de produzir notas afinadas;

d) memória “temporal”: quando você calcula o tempo necessário para que a nota soe. Ela está diretamente ligada à memória espacial e à memória “física”.
Ex: na execução de notas rápidas, os dedos têm que chegar ao local mais rápido, ou seja, elas têm um tempo certo para acontecer, mas para que isso realmente ocorra, é necessário que você também desloque a mão mais rapidamente;

e) memória sensorial: quando você toca e o som produz uma sensação de “já ouvi isso antes”, que é bem anterior à sua consciência musical (quando você era bebê, estava na primeira infância ou mesmo dentro da barriga da mamãe);

f) memória “cultural”: quando você toca de acordo com tudo que já ouviu.
Essa memória é muito abrangente: pode ser da música que a sua família e/ou você ouvem ou da forma que a música é executada dentro de casa ou por outras pessoas, ou da música que os meios de comunicação transmitem, etc.
OBS: essa memória é decorrente de todos os sons que você ouve, gostando ou não: é involuntária;

g) memória “seletiva”: quando você ouve o que quer e/ou precisa e toca de acordo com isso que já ouviu.
OBS: quando você ouve sempre um determinado estilo de música, se você não o fizer de forma consciente, acabará influenciado com a afinação do que costuma ouvir, e executará uma música dentro desses padrões de afinação.
Se a música não for de “qualidade” e você só precisar tocar esse estilo na vida, você será um músico afinado para você mesmo e para as pessoas que ouvem somente esse tipo de música. Agora, se você precisar tocar outros estilos e/ou para pessoas que ouvem outros estilos, você poderá ser considerado um músico desafinado;

h) memória “física”: quando você utiliza se utiliza dos resultados de variantes de peso, pressão e velocidade sobre o seu corpo, que já estão condicionados em você, para modificar a afinação.
Ex: quando você quer executar determinada passagem e percebe que para afiná-la melhor terá que aumentar a pressão dos dedos sobre as cordas, porque você já passou por isso antes;

i) memória “corporal”: é aquela que faz você não trocar os dedilhados ou perceber que o ombro está tenso ou que tem que usar alguma parte específica do corpo para tocar.
Antes de afinar ou mesmo de se preocupar com a afinação, você precisa começar a aprender o instrumento.
Saber o que é mão, dedo, braço, ombro, costas é óbvio e essencial para isso.
Saber usar tudo isso e/ou perceber as eventuais ou constantes falhas das funções corporais no instrumento é mais um condicionamento;

j) memória “associativa”: é quando você faz associação com alguma regra ou alguma outra coisa para afinar.
Ex: quando na hora de tocar determinado trecho você o associa mais ao dedilhado ou a outras notas do que propriamente às notas reais (Dó -dedo 1; Ré dobrado bemol –dedo 1; Si sustenido – dedo 1= a Dó – Dó- Dó= 111).
Ou quando você afina melhor aquele trecho quando você o associa a outra música;

k) memória “afetiva”: é aquela que faz você associar sentimentos e situações passados na hora de tocar.
Ex: uma lembrança emocionante pode fazer um cantor e/ou um instrumentista “saírem da estrada” durante uma apresentação.

Já disseram “você é o que come”, mas em Música, acho que você é o que ouve e está o que toca.
Quero dizer com isso, que o que você ouve, você leva para a sua vida inteira, mesmo que fique surdo, e tocará de acordo com isso enquanto permanecer músico ativo.
Haja memória… e fosfosol, não é??!!

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Penso que a Música é um importante meio de comunicação e expressividade entre você mesmo, entre as pessoas e/ou entre o músico e o meio em que ele vive, e que a afinação é mais um condicionamento musical, só que com um objetivo bem amplo: facilitar a compreensão da música.

Embora eu pense que a Música sirva para o seu “eu” se entender melhor, acredito também na função social dela e que, um dia, você ainda tocará para alguém, mesmo que não queira.

Você pode dizer que está se lixando para o mundo e que só toca para você mesmo e para mais ninguém e, ainda assim, estará usando a Música para demonstrar alguma coisa.

Ex: mesmo que você se tranque no quarto, para que ninguém interfira no seu momento pessoal de fazer música, você estará transmitindo às pessoas o seu desejo de ficar só, e isso é uma forma de se comunicar, de expressar os seus sentimentos.
E se o som vazar, você poderá também transmitir outros sentimentos, até bem mais “musicais”, às outras pessoas -à sua revelia, é claro- principalmente se esse som estiver afinado.

O mesmo acontece se você quiser ir para a Patagônia tocar para os pingüins: com essa atitude, você estará dizendo às pessoas que você quer ficar só e/ou conhecer novos lugares e/ou que precisa de paz, e concretizará esses desejos quando estiver fazendo música para a bicharada, muito embora eu ache que o público, por ser menos especializado, não dará a mínima para a sua afinação. Êba!!!

Bem, mas o jeito é encarar de frente o problema da afinação, até porque, viajar com o acústico para a Patagônia para poder tocar desafinado livremente para os pinguins é coisa de excêntrico rico.
Você já imaginou o que teria acontecido com música brasileira se o João Gilberto tivesse ido cantar “Desafinado” só para os pingüins?
Por outro lado, penso que exportar alguns cantores e duplas de cantores para a Patagônia…ãhn-ãhn… Deixa para lá…

Agora repare uma coisa: mesmo que você toque trancado num quarto ou isolado numa reserva ecológica na África, você sempre tentará tocar afinado, dentro dos padrões de afinação que você conhece.

Mesmo que você nessas horas se desligue do mundo e ligue a teclinha do efe-se para a afinação, ela apitará naquela passagem que soar “esquisita” para você porque, no que se refere à afinação, a gente procura tocar como está acostumado a ouvir.

Na hora em que você escorrega a mão para executar músicas ocidentais e toca o que vier, fazendo valer todo o seu passado árabe ou a sua admiração pela música indiana, pode ter certeza de que foi um momento experimental e/ou esporádico, porque a sua memória musical não deixará isso se tornar constante.

Dificilmente, você conseguirá completar o seu propósito expressivo de transmitir alguma emoção específica ao tocar para outras pessoas, se o fizer completamente desafinado, e aí a sua tentativa de comunicação será modificada nesse momento.
Ex: numa música lenta e expressiva, na qual você quer expressar nostalgia, você também pode, com sucessivas desafinações, se tornar motivo de risada ou de preocupação constante do público com a sua execução.

A afinação é uma das formas de aprimorar o que a Música faz, essa “sintonia” com você mesmo, com as pessoas e/ou com o meio ambiente, mas o interessante é que ela busca o que ela mesma é: uma sintonia das notas.
Resumindo, a afinação é o constante aprimoramento da… afinação!

Daí a importância do “condicionamento” da afinação ser paralelo ao estudo da Música e/ou do instrumento.

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O contrabaixo acústico é um instrumento sem trastes (traste se fosse bom, não teria esse nome, certo?).
Isso quer dizer que a afinação é feita nota por nota. O mesmo acontece com o violino, a viola e o violoncelo.

Ao começar o estudo do contrabaixo, o estudo da afinação acontece em paralelo.

Primeiramente, aprendemos a colocar os dedos nas cordas.
Até a forma da mão se definir, é necessário que o(a) professor(a) ajuste a afinação do(a) aluno(a) constantemente. Com o tempo, espera-se que esses ajustes sejam menos frequentes.

Nessas horas, “ponha o dedo mais para trás”, “abra mais os dedos”, “afine”, são expressões corriqueiras.

Agora, quando se ouve “está alto”, isso quer dizer que a afinação está alta, ou seja, que a nota está mais aguda do que deveria, e não que seja para abaixar o ombro naquele momento.

Quando se ouve “está baixo”, isso quer dizer que a afinação está baixa, ou seja, que a nota está mais grave do que deveria, e não que seja para você deixar de ficar troncho no contrabaixo, pelo menos, não nessa hora…

Quando se está “alto”, é preciso deixar a nota mais baixa (grave) para que ela fique afinada. Então a gente “desce” a afinação indo com o dedo mais para trás.

Até aí isso é bem simples de entender, só que quando a gente anda “para trás”, a gente está indo com a mão para a parte mais alta do instrumento (em direção à voluta), ou seja, a nota “abaixa”, mas a mão está “subindo”.

Isso parece complicado, mas depois a gente acostuma: a afinação desce quando a mão vai para cima do contrabaixo (em direção à voluta).

A afinação sobe quando a mão vai para baixo do contrabaixo (em direção ao cavalete).

Conclusão inicial: Dependendo do ponto-de-vista, a gente pode descer para cima e subir para baixo, entendido?

Exemplo: numa escala de Dó Maior, dó-ré-mi-fá-sol-lá-si-dó, o movimento é ascendente, porque as notas estão subindo, certo?
Só que no instrumento, a sua mão esquerda (em movimento) estará “descendo” (indo para a parte mais aguda) e as posições estarão subindo (1ª, 2ª, 3ª, etc.).

Na mesma escala de Dó Maior, dó-si-lá-sol-fá-mi-ré-dó, o movimento é descendente, porque as notas estão descendo, ok?
Só que no instrumento, a sua mão esquerda (em movimento) estará “subindo” (indo para a parte mais grave) e as posições estarão descendo (5ª, 4ª, 3ª, etc.).

Conclusão final: ao ouvir “tá alto”, desça a afinação, levando a mão para trás. Com isso você ABAIXA a afinação. Para efeito de afinação, você estará indo com os dedos “para trás”, mas para execução de uma sequência de notas descendentes, você estará “SUBINDO” no instrumento.

Ao ouvir “tá baixo”, suba a afinação, levando a mão para frente. Com isso você SOBE a afinação. Para efeito de afinação, você estará indo com os dedos “para frente”, mas para a execução de uma sequência de notas ascendentes, você estará “DESCENDO” no instrumento.

Dedo: “para trás” (aberto em direção à voluta) e “para frente” (aberto em direção ao cavalete), “para cima” (apontado em direção à voluta), “para baixo” (apontado em direção ao cavalete);
Notas: “alta” (está mais aguda do que deveria), “baixa” (está mais grave do que deveria);
Posições: “sobem” (conforme vão ficando mais agudas) e “descem” (conforme vão ficando mais graves);
Mão numa mesma posição: “para trás” (em direção à voluta) e “para frente” (em direção ao cavalete);
Mão em movimento: “sobe” (em direção ao cavalete) e “desce” (em direção à voluta).

Entender esses “direcionamentos” e “condicionamentos” é um passo importante para você desenvolver o “dialeto contrabaixístico” e não ficar perdido nem quando o professor se dirigir a você, nem quando você estiver conversando com outros colegas de instrumento, ou mesmo dando aulas, etc.
Isso pode demorar um tempinho a acontecer, mas você e o contrabaixo só têm a ganhar com isso…

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Penso que todos os métodos servem para afinação, porque tocar afinado é um requisito básico.

Os métodos que trabalham as posições da mão esquerda são ótimos e específicos para isso, especialmente aqueles que têm estudos com as células rítmicas repetitivas, porque assim a mão direita não tem muito trabalho, e dá para dar bastante atenção ao ouvido. Ex: estudos só em colcheias, estudos só em colcheias pontuadas com semicolcheia, etc.

Os estudos de escalas também são excelentes para isso.
Comece com uma escala e faça dois ou três dedilhados para ela. Por exemplo: Si Bemol –
(3ª corda) sib (dedo 1), dó (4);
(2ª corda) ré (corda solta), mib (1), fá (4);
(1ª corda) sol (corda solta), lá (2), sib (4).
ou
(3ª corda) sib (dedo1), dó (4);
(2ª corda) ré (corda solta), mib (1), fá (1); sol (4), lá (2), sib (4).
ou
(3ª corda) sib (1), dó (4), ré (2), mib (4);
2ª corda) fá (1), sol (4), lá (2), sib (4).

Depois faça os intervalos de terças:
(sib, ré) (dó, mib) (ré, fá) (mib, sol) (fá, lá) (sol, sib dedo 4)) (lá dedo 2, dó dedo 4) (sib dedo 1, sol) (lá dedo 2, fá) (sol, mib) (fá, ré) (mib, dó) (ré- sib) (dó, lá) (sib).

Depois estude as quartas, tomando muito cuidado com o paralelismo dos dedos. Eles se movem acompanhando a curvatura do braço do contrabaixo, e não em linha reta, pois senão as notas das cordas mais graves soam “altas” (de afinação).

As quintas também são muito importantes. Nesses intervalos cuide para que o dedo 1 fique sempre apontado para cima (em direção à voluta do instrumento). Se você deixá-lo curvado para baixo (voltado para o dedo 2), a afinação dele vai estar sempre alta. Se você precisar tocar quintas duplas (duas notas juntas) então, se o dedo 1 não estiver para trás, não terá um só intervalo de quinta afinado.
.
Daí faça as sextas, sétimas e oitavas.

Observações importantes:
a) Não faça tudo de uma vez só, para não sobrecarregar os seus braços e mãos;
b) Faça intervalos de 10 minutos a cada 50 minutos de estudo;
c) Quanto mais repetitivo for o estudo (no caso dos estudos com ritmos regulares) mais cuidado você terá que ter com seu braço direito e sua mão direita;
d) Quanto mais você precisar repetir o intervalo com a mão esquerda, seja para afinar, seja para memorizar melhor a distância, seja para treinar a mudança de posição, mais cuidado você terá que ter com seu braço esquerdo e sua mão esquerda.

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Nunca deixe seu contrabaixo acústico sozinho no carro!

Caso 01: Há muitos anos, um aluno de contrabaixo deixou seu contrabaixo dentro de um fusquinha, em frente ao prédio onde ele morava (Copacabana), e subiu rapidamente para pegar sei-lá-o-que que ele havia esquecido no seu apto.
Quando ele desceu, tinham levado o contrabaixo… e mais o arco e… até a resina…

Caso 02: Em 2008, um contrabaixista profissional do interior de São Paulo, deixou mais uma vez seu contrabaixo acústico dentro do carro, em frente à escola de música onde ele dava aula, uma rotina de anos. Foi a última vez: quando ele voltou o contrabaixo tinha sido roubado e o vigia ainda disse que nada viu (?)…

Para que isso não aconteça com você, pense sempre que o contrabaixo pode ser um instrumento pouco portátil, mas muito versátil:
a) Romântico – adora ser convidado para jantar naquele restaurante especial pós-concerto ou show, na sua companhia e na daquela sua companhia, num agradável programa a três…
b) Sociável – adora ser convidado para jantar naquela churrascaria lotada naquele pós-concerto ou show da sua orquestra ou banda…

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Na hora de levar um contrabaixo para passear no carro dos outros (táxi, carona, etc.), pense em algumas coisitas:

1) Deixe a história de que os opostos se atraem para os românticos e alienados da vida, porque contrabaixo grande entra mais fácil em carro grande. Mas se para aquele seu contrabaixo enorme, todos os corsinhas da rua insistirem em passar, resista e não faça sinal;

2) Da mesma forma, deixe o pensamento do “inversamente proporcional” para as aulas de matemática, porque ele só funciona de uma forma: contrabaixo pequeno para carro grande, certo?

3) Noções básicas de etiqueta: carona com o contrabaixo, se possível, somente a aceite se você for SOZINHO com o motorista. Se o carro for do tipo perua, somente a aceite com o motorista, o co-piloto e você no banco de trás SOZINHO.

Exceções:
a) Duas pessoas no banco de trás: só se a vítima que sentará ao seu lado no carro for uma pessoa muito próxima, que não vá se importar de sair do carro com a roupa completamente amassada;

b) Duas pessoas no banco de trás: só se você for magro ou se a outra pessoa for magra, porque dois gordos só poderão ocupar o mesmo banco de carro com mais um contrabaixo, se um for no colo do outro;

4) Não se esqueça de abaixar bem o espigão do contrabaixo, para que o mesmo não arranhe o painel do carro (ao entrar com a voluta primeiro) ou machuque o motorista (ao entrar com o bojo primeiro);

5) Ao entrar com o contrabaixo pelo bagageiro (carros tipo “perua”), abaixe o banco de trás, porque o contrabaixo costuma “entalar” entre a distância desse banco sem abaixar e o teto do carro, na hora de passar o cavalete.

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