Penso que a Música é um importante meio de comunicação e expressividade entre você mesmo, entre as pessoas e/ou entre o músico e o meio em que ele vive, e que a afinação é mais um condicionamento musical, só que com um objetivo bem amplo: facilitar a compreensão da música.

Embora eu pense que a Música sirva para o seu “eu” se entender melhor, acredito também na função social dela e que, um dia, você ainda tocará para alguém, mesmo que não queira.

Você pode dizer que está se lixando para o mundo e que só toca para você mesmo e para mais ninguém e, ainda assim, estará usando a Música para demonstrar alguma coisa.

Ex: mesmo que você se tranque no quarto, para que ninguém interfira no seu momento pessoal de fazer música, você estará transmitindo às pessoas o seu desejo de ficar só, e isso é uma forma de se comunicar, de expressar os seus sentimentos.
E se o som vazar, você poderá também transmitir outros sentimentos, até bem mais “musicais”, às outras pessoas -à sua revelia, é claro- principalmente se esse som estiver afinado.

O mesmo acontece se você quiser ir para a Patagônia tocar para os pingüins: com essa atitude, você estará dizendo às pessoas que você quer ficar só e/ou conhecer novos lugares e/ou que precisa de paz, e concretizará esses desejos quando estiver fazendo música para a bicharada, muito embora eu ache que o público, por ser menos especializado, não dará a mínima para a sua afinação. Êba!!!

Bem, mas o jeito é encarar de frente o problema da afinação, até porque, viajar com o acústico para a Patagônia para poder tocar desafinado livremente para os pinguins é coisa de excêntrico rico.
Você já imaginou o que teria acontecido com música brasileira se o João Gilberto tivesse ido cantar “Desafinado” só para os pingüins?
Por outro lado, penso que exportar alguns cantores e duplas de cantores para a Patagônia…ãhn-ãhn… Deixa para lá…

Agora repare uma coisa: mesmo que você toque trancado num quarto ou isolado numa reserva ecológica na África, você sempre tentará tocar afinado, dentro dos padrões de afinação que você conhece.

Mesmo que você nessas horas se desligue do mundo e ligue a teclinha do efe-se para a afinação, ela apitará naquela passagem que soar “esquisita” para você porque, no que se refere à afinação, a gente procura tocar como está acostumado a ouvir.

Na hora em que você escorrega a mão para executar músicas ocidentais e toca o que vier, fazendo valer todo o seu passado árabe ou a sua admiração pela música indiana, pode ter certeza de que foi um momento experimental e/ou esporádico, porque a sua memória musical não deixará isso se tornar constante.

Dificilmente, você conseguirá completar o seu propósito expressivo de transmitir alguma emoção específica ao tocar para outras pessoas, se o fizer completamente desafinado, e aí a sua tentativa de comunicação será modificada nesse momento.
Ex: numa música lenta e expressiva, na qual você quer expressar nostalgia, você também pode, com sucessivas desafinações, se tornar motivo de risada ou de preocupação constante do público com a sua execução.

A afinação é uma das formas de aprimorar o que a Música faz, essa “sintonia” com você mesmo, com as pessoas e/ou com o meio ambiente, mas o interessante é que ela busca o que ela mesma é: uma sintonia das notas.
Resumindo, a afinação é o constante aprimoramento da… afinação!

Daí a importância do “condicionamento” da afinação ser paralelo ao estudo da Música e/ou do instrumento.

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