Caros colegas,
Recebi o simpático convite do nosso talentosíssimo contrabaixista Alexandre Ritter, que repasso para vocês.
Obrigada pelo convite e boa sorte contrabaixística para o Duo, Alexandre!
Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Instituto de Artes
Departamento de Música
Programa de Extensão do DEMUS

convidam para

“REFLEXÃO”

Recital de Contrabaixo e Piano/Cravo
com
Alexandre Ritter e André Loss

04 de Outubro de 2013, sexta-feira, às 20h
Auditorium Tasso Corrêa
Instituto de Artes da UFRGS
(Rua Senhor dos Passos, 248 – Centro – Porto Alegre/ RS)

O recital será público e gratuito

Foto de Isaías Mattos 2012

No programa obras de Ravel, J. C. Bach, Vivaldi, J. S. Bach e Bloch.

Breve Notas sobre o Programa

Por Alexandre Ritter – Agosto de 2013.

Este programa busca acima de tudo, levar o ouvinte a um estado de “Reflexão”. Por isso, decidi buscar um repertório intimista, sóbrio, profundo e talvez para alguns, triste.
Em 1914 Maurice Ravel recebeu de Alvina Alvi, soprano da Opera Imperial de St. Petersburg, uma comissão para compor duas pequenas peças, intituladas “Duas Melodias Hebraicas”, para voz e piano. A primeira peça “Kaddisch”, e a segunda, “L’Énigme éternelle”. No programa de hoje será executado a primeira delas, “Kaddisch”. O professor de contrabaixo acústico da University of British Columbia (Vancouver – Canadá), Kenneth Friedmann, fez a transcrição para contrabaixo e piano em 2002, e me passou a peça em 2006/7 durante meu mestrado na mesma universidade. O texto que Ravel utilizou na versão original em “Kaddish” é em Aramaico, e é parte importante da liturgia Judaica. Importante representante análogo ao movimento impressionista nas artes plásticas do fim do século IX e início do século XX, Ravel nos envolve com suas harmonias hipnotizantes, sempre nos tonteando ao redor da tônica, embora, em alguns momentos, nos instigando com notas dissonantes marginais ao esperado. Enquanto isso, a melodia nos transporta com elementos arraigados nas fortes personalidades do canto que vem da terra, da fé, da reflexão, da oração.

A segunda peça do programa é um segundo movimento de concerto para viola. Os créditos deste concerto são dados aqui ao filho mais novo do famoso J. S. Bach, Johan Christian Bach. Entretanto, é comumente discutido que na verdade quem escreveu este concerto foi o violinista e compositor parisiense Henri Casadesus (1879 – 1947). Ignorando quem tenha sido o compositor, fica claro o “Estilo Galante” trazido do início do classicismo/fim do barroco, onde uma linha melódica com um simples acompanhamento predomina, contrastando à complexidade contrapontística tão proeminente do período precedente. Buscando assim, a simplicidade da narrativa musical e prezando um contexto mais emotivo e introspectivo.

No programa de hoje, duas sonatas de Antonio Vivaldi originalmente escritas para violoncelo e baixo continuo. Vivaldi não chegou a publicar essas sonatas em vida, entretanto, elas datam depois de 1730. Na minha opinião, as duas mais obscuras e entorpecentes do compositor; das seis que ele escreveu, que se tem notícia. Não só pela seu modo, menor, mas também, especialmente nos movimentos lentos, por suas melodias simples, econômicas e que tem o poder de nos prender profundamente. Se tratam das sonatas 3 e 5. A sonata 5 será a primeira a ser executada, e para encerrar o programa, a sonata 3. Estarei lendo a partir da primeira edição da partitura de Paris: Le Clerc le Cadet, 1740. Em minha carreira, esta é a primeira vez que usarei uma partitura “lisa” em concerto, ou seja, sem nenhuma marcação de arco ou digitação, ou sequer dinâmica. De acordo com alguns tratados deste época (Corrette: 1741, Geminiani: 1751, Leopoldo Mozart: 1756, e Tartini: 1771), essa era a forma de “prática de performance”, ao improviso. Não só no que diz respeito as questões acima citadas, como também em relação a articulações e realização do baixo contínuo, dando ao interprete grande espaço para liberdades artísticas; o que eu adoro! Sintam-se sendo minhas cobaias! Entretanto, devo informar ao leitor de que o músico profissional do período barroco era treinado e com certeza sabia utilizar do bom gosto e da competência para lidar de forma apropriada com as “liberdades artísticas” em questão; uma prática que foi, infelizmente, perdida através dos séculos. Lerei na oitava original escrita para o violoncelo, mas estarei usando encordoamento solo (F#, Si, Mi, Lá), ficando uma sétima maior abaixo do que o violoncelo soaria. A realização do baixo contínuo é de André Loss.

A música de Johan Sebastian Bach tem um absoluto poder sobre as reações químicas que meu organismo sofre, e tenho certeza, divido esta qualidade com muitos indivíduos. Da gama de informações que poderia ser discutida aqui sobre a Sarabande da quinta suite para violoncelo solo a ser executada, mas em especial sobre Bach, prefiro deixar que a intrínseca genialidade do compositor fale por si só…de qualquer forma, notem a força nesta “simples” peça monódica onde se pode ouvir de duas a três “personagens” ao mesmo tempo. Um desafio ao refletir! Estarei tocando a partir da Edição Crítica, Alemanha: Bärenreiter-Verlag, 2000. A escolha do arco utilizado em minha interpretação é o resultado de minhas próprias conclusões, baseado em meus estudos dos quatro manuscritos do século XVIII (em especial, de Anna Magdalena Bach, segunda esposa de Bach) e uma edição publicada do século XX, todas inclusas nesta Edição Crítica, bem como de minhas observações de grandes interpretes (Casals, Fournier, Rostropovich, Isserlis, Maisky, entre outros), em especial do famoso violoncelista, musicólogo, e especialista em performance histórica da música de Bach, e em especial das Suites para violoncelo solo, o Holandês Anner Bylsma. Estarei lendo uma oitava acima do grafado, em afinação solo. Sobre as reações químicas, cada um saberá da sua!

Ernest Bloch escreveu em 1924, em Cleveland, a peça intitulada “From Jewish Life” (‘Da Vida Judaica’) em três pequenos movimentos, “Prayer,” “Supplication,” e “Jewish Song” para violoncelo e piano. Será executada a primeira delas, “Prayer” (‘Oração’). O uso de melismas e de segundas “bemolizadas” (meio tom abaixo), traz características da música vocal Judaica. O título expressa tudo, uma “reflexão”, usando simples melodia e acompanhamento o compositor nos isca, nos seduz para o “orar”. Será usada a transcrição de Frank Proto com algumas “liberdades artísticas” de Alexandre Ritter (mudei algumas oitavas).

Para encerrar o programa, a Sonata 3 de Vilvaldi, aqui já discutida.

CURRÍCULOS

ALEXANDRE RITTER
Contrabaixo

O contrabaixista Brasileiro Alexandre Ritter é professor de contrabaixo da Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS (Porto Alegre/RS) desde 2000. Alexandre recebeu ambos os títulos de Doutor (DMA) e Bacharel (BMA) em Performance pela The University of Georgia – UGA (EUA), sob a orientação do Prof. Milton Walter Masciadri. Sua formação musical e acadêmica também inclui um ano de mestrado em Performance de Contrabaixo na University of British Columbia (Canadá), sob a orientação do Prof. Kenneth Friedman. No Brasil, Alexandre teve sua primeira orientação no contrabaixo com o Prof. Antônio Guaracy Guimarães na Fundação Municipal de Artes de Montenegro, e logo após estudou com o Prof. Milton Romay Masciadri na Escola de Música da OSPA. Grande influência em sua carreira tem sido o famoso contrabaixista e virtuoso Franco Petracchi, com quem teve a oportunidade de estudar na Itália, na renomada Academia Musicale Chiggiana (com Diploma di Mérito), em Siena, e no Campus Internazionale di Musica, em Sermoneta. Em Maio de 2010, sob orientação do Prof. David Haas (UGA), Alexandre completou extensiva pesquisa e dissertação de doutorado sobre o Divertimento Concertante de Nino Rota em colaboração direta com o Maestro Petracchi, em homenagem ao qual a peça foi escrita em 1973. Alexandre já participou de vários festivais de música, tendo a oportunidade de realizar masterclasses com grandes contrabaixistas, como Franco Petracchi, Joel Quarrington, Edwin Barker, Gary Karr e François Rabbath. Sua extensa experiência como músico de orquestra inclui a participação em orquestras na América do Norte e na América do Sul, incluindo as Sinfônicas de Savannah, Charleston, Greenville e Augusta, nos EUA, bem como as Sinfônicas de Porto Alegre e Paraná, no Brasil. Seu trabalho como músico sinfônico, camerista e solista o tem levado a tocar na Alemanha, Argentina, Brasil, Canadá, Costa Rica, França, Itália e EUA. Além das carreiras de execução contrabaixística e do ensino, Alexandre pretende fomentar e difundir novo repertório camerístico e solístico de música clássica para contrabaixo, através de recitais no âmbito nacional Brasileiro.

ANDRÉ LOSS
Piano/Cravo

André Loss tem atuado como solista e camarista na América do Sul e na América do Norte. Realizou sua formação musical e acadêmica no sul do Brasil, tendo estudado com Huberthus Hofmann, Dirce Knijnik, Amadeo Mainero (Argentina/Inglaterra), Norma Bojunga, Lucila Conceição e Maly Weisemblum. Obteve o seu Doutorado em Execução Musical em Piano no College Conservatory of Music em Cincinnati, Oh, nos Estados Unidos, onde estudou com Franck Weinstock, e esteve também na Eastern Illinois University, em Charleston, Il, estudando com George Sanders e Karin Larvick. Teve também aulas de interpretação com Miguel Proença (Brasil), José Alberto Kaplan (Argentina/Brasil), José Henrique Duprat (Brasil), Arnaldo Cohen (Brasil/Inglaterra), Roberto Szidon (Brasil/Alemanha), Mírian Daueslberg (Brasil), Edward Eikner (EUA), James Tocco (EUA), Ian Hobson (Inglaterra/EUA) e Ann Schein (EUA). Ele atualmente ensina na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre, RS.
André Loss obteve premiações em diversas competições nacionais, tais como o 3° Prêmio no I Concurso Nacional de Piano Villa-Lobos de Vitória, ES, e Mensões Honrosas no I Concurso Nacional de Piano de Juiz de Fora, MG, e no V Concurso Nacional Arnaldo Estrella de Goiânia, Go (este último como prêmio especial pela notável execução da Toccata de S. Prokofieff), além de participar do 10º Concurso Internacional de Piano Robert Casadesus, em Cleveland, Oh, e do I Concurso Internacional da PUC de Porto Alegre, RS. Foi vencedor de diversas competições para jovens solistas da Orquestra Sinfônica de Porto Alegre e da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo, incluindo o Concerto Auditions da Eastern Illinois University.
Suas execuções com orquestra incluem participações nas temporadas da Orquestra Sinfônica de Porto Alegre, da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo, da Eastern Illinois Symphony Orquestra, da Orquestra Sinfônica de Caxias do Sul, da Orquestra de Câmara da UNISINOS, da Orquestra de Câmara do Teatro São Pedro, da Orquestra de Câmara da ULBRA e da Orquestra de Câmara da UFRGS.
Recentemente realizou uma turnê com o violinista Fredi Gerling com o ciclo completo de sonatas para piano e violino de L. van Beethoven, e atualmente forma duos com o contrabaixista Alexandre Ritter e a violoncelista Marjana Rutkowski.
Apresentando-se frequentemente em séries de recitais solo e dando masterclasses no Brasil e nos Estados Unidos, atuou como Professor Visitante na Eastern Illinois University e participou das Séries Artísticas da Francis Marion University, da Georgia State University, da University of Georgia e da Eastern Illinois University, além de tocar em várias instituições brasileiras. Sua mais recente tournê pelo Brasil e Estados Unidos incluiu a sua execução da versão integral dos Estudos Transcendentais de F. Liszt, a qual recebera muitos elogios.
Participou como pianista do 11° Festival de Música da FUNDARTE em Montenegro, RS, e foi o pianista do 10° Simpósio Internacional de Contrabaixistas da University of Georgia em Athens, GA, e do 4° Encontro internacional de Contrabaixistas da UFRGS em Porto Alegre, RS.
Atuou ao lado de artistas de renome como o contrabaixista Franco Petrachi (Itália), o clarinetista Walter Boeykens (Holanda), o violoncelista Antônio Lauro Del Claro (Brasil),o trompetista André Henry (França), o barítono Roy Samuelsen (Noruega/EUA), o saxofonista Daniel Besnier (França), o contrabaixista Milton Masciadri (Brasil/EUA) e o maestro Eleazar de Carvalho (Brasil). Durante seus estudos na Eastern Illinois University, recebeu uma bolsa para acompanhar exclusivamente os masterclasses do famoso barítono americano William Warfield.
Gravou um CD com a soprano Adriana Zignani, o qual recebeu o Prêmio Açorianos de melhor CD de música erudita da cidade de Porto Alegre, e este ano estará lançando um CD duplo em conjunto com os pianistas Cristina Gerling, Ney Fialkow e Catarina Domenici, integrando obras para piano do compositor brasileiro Camargo Guarnieri.
Executou a estreia mundial do Concerto para Piano e Orquestra de Felipe Adami, quem lhe dedicou a obra, e os Estudos n° 1 e n° 2 do mesmo compositor, além da estreia da segunda versão de Estética do Frio II para Piano e Orquestra de Cordas do compositor Celso L. Chaves.
Além das carreiras de execução pianística e de ensino, André Loss mantém um projeto de recuperação e difusão de partituras de concertos para piano de compositores do século dezoito e pré-românticos, o que lhe permitiu a realização da primeira execução brasileira do Concertino para Piano e Orquestra de Johann Nepomuk Hummel.

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