Aproveitei  as férias para ter aulas com o maravilhoso contrabaixista holandês Hans Roelofsen, e com a excelente professora de canto popular Suely Mesquita (RJ), na 34º edição do Curso Internacional de Verão de Brasília (DF).
Hans Roelofsen
O curso tem sido uma ótima oportunidade de rever o Hans e a Suely, com quem já tive aulas, de rever os colegas contrabaixistas aqui de Brasília (Alex Queiroz, Antoine Spagno, Daniel Abreu, Ricardo Telles, Sá Reston, Zoraima Alenfel), de conhecer novos contrabaixistas (Cibele, Jorge, Pedro) e de conhecer novos colegas contrabaixistas também fãs aqui do nosso blog (Daniel, Edson, Isaac, Lívia).
Hans Roelofsen em ação
 
Com os colegas contrabaixistas de longa data Hans Roelofsen e Daniel Abreu
Com Ricardo Telles, colega contrabaixista de longa data e também fã do blog
Com os contrabaixistas Sá Reston (colega do Fórum Contrabaixo BR), Hans Roelofsen, Daniel Abreu e Alex Queiroz (colegas jurássicos)
Com os contrabaixistas dinossáuricos Alex Queiroz, Hans Roelofsen, Daniel Abreu, Ricardo Telles e o moço da cantina
Com o nosso colega contrabaixista Edson, de Sáo Luiz (MA), também fà do nosso blog
As aulas do Hans têm sido muito interessantes. 
Este ano, ele está vendo com os alunos o movimento do braço direito e trabalhando o dedilhado 1-2-3-4, que é uma das suas marcas registradas, com muito uso de pivô (quando a mão esquerda “estica” para tocar as notas, sem que os dedos que não estão sendo usados fiquem presos na corda).
Uma das coisas bem importantes que ele disse sobre o uso deste dedilhado é que a afinação não está nos dedos, mas sim na cabeça do contrabaixista.
O Hans se refere ao fato de algumas pessoas não usarem este dedilhado por achar que é mais difícil de afinar as notas com ele.
Ele faz uso do dedilhado 1-2-3-4 sempre, como o fazem os violinistas, violistas e violoncelistas. Ele disse que, a partir do ré da primeira corda (sol), as posições no contrabaixo têm a mesma distância das posições no violoncelo.
Comecei a me entrosar com essa técnica de dedilhado por esses dias já que, das outras vezes em que estive com o Hans, preferi priorizar a interpretação das peças a modificar a minha técnica do dedilhado (1-2-4) e a minha técnica do arco (italiana). Ele usa um arco pesadíssimo, com 240 gramas, sendo que um arco tradicional de contrabaixo pesa aproximadamente 130 gramas.
Minhas primeiras impressões sobre esta técnica de dedilhado (1-2-3-4) são que ela é viável para mãos pequenas, mas com adaptações. 
Minha mão é pequena, mas os dedos não são curtos. Daí, decidi algumas coisitas e as dividi com o Hans, que é um professor de contrabaixo bastante aberto a opinões contrabaixísticas diferentes das suas:
a) Farei uso desta técnica no meio do braço do instrumento, quando achar necessário;
b) Não usarei essa técnica nas primeiras posições, por serem muito grandes e necessitarem de uma movimentação da mão mais “abrangente”;
c) Não usarei o dedo 4 (mindinho) por toda a região aguda do instrumento (capotasto).
O uso do dedo 4 nesta região, para mim, fica desgastante. Eu até consigo usar, mas a modificação técnica vai me dar um trabalho que não compensará o resultado, já que as posições a partir do capotasto são bastante flexíveis, e posso me virar com os outros quatro dedos utilizados (polegar-1-2-3).
Como já havia visto algumas vezes com o Hans e com outros contrabaixistas (Sandrino Santoro, Antonio Arzolla, Thierry Barbé, Saulo Bezerra, Tarcísio Silva…), o emprego de pivôs é bastante útil em passagens rápidas, principalmente as orquestrais, porque é possível acrescentar mais uma nota a cada posição, porém sem se prender à posição em si, deixando a mão fica mais “solta” e ágil. 
Ou seja: dá para tocar mais notas com menos mudanças de posição.
Com a técnica 1-2-3-4, a mão esquerda deixa de fazer as mudanças de posição de forma “linear” – para trás e para frente-, e passa a trabalhar em semicírculos, como se cada dedo fosse dar um salto e fazer uma pirueta no ar até que o outro dedo chegue na nota da outra posição.
Penso que essa técnica é viável para mim atualmente, porque já conheço o “mapa” do instrumento. 
Para quem não conhece, acredito que o caminho seja mais longo, porque se antes a posição tinha três notas, a mão agora terá que “sobrevoar” mais duas ou três notas na hora de fazer a mudança de posição e, mesmo assim, é preciso saber a rota das notas para acionar o trem de pouso, senão é um festival de nota fora.
Quanto à técnica do arco, não tenho planos de acrescentá-la à minha, porque prefiro o resultado sonoro do arco com peso normal. Já fiz o teste do olho fechado várias vezes, e em todas elas preferi o arco comum. Sempre sinto o som do contrabaixo “achatado”‘ (com menos ressonância) com o arco pesado. Por isso, optei conscientemente por não mexer no arco. 
Essa é a minha opinião e a de outros colegas contrabaixistas, mas outros colegas contrabaixistas estão fazendo uso do arco pesado, especialmente na orquestra. Segundo eles, é possível tirar mais som fazendo menos esforço. 
Para compensar o excesso de peso natural do arco pesado, eles usam uma resina não-contrabaixística, dessas que fazem bastante farofa (pozinho) e “grudam” menos nas cordas.
Para resultados ainda melhores, é preciso usar o arco de forma bem relaxada, não só porque o peso pode ocasionar tensionamentos, mas também porque o braço mais flexível dá mais velocidade ao movimento, “travando” menos o som.
Como vocês podem ver, a resolução de mudar e/ou de modificar e/ou de acrescentar algo novo à técnica do contrabaixo pode depender só do contrabaixista, independentemente da técnica original dele. 
O importante na hora de decidir é analisar o custo-benefício da técnica nova, se ela vai ser usada sempre ou eventualmente, e procurar um porquê consciente para modificação.
O importante é pensar que o artista é um ser em constante movimento, em constante aprendizado, em constante busca da perfeição, mesmo que nunca a encontre.
E tão importante quanto isso, é saber que somos contrabaixistas livres para decidir e que, quaisquer que sejam as nossas decisões, elas poderão também trazer opiniões alheias tão livres quanto as nossas decisões e muito diferentes das nossas opiniões.
Somos contrabaixistas livres para concordar ou não com elas e mudarmos de novo ou seguirmos em frente do mesmo jeito.
Somos contrabaixistas livres para concordarmos com as nossas decisões e opiniões enquanto elas forem eternas para nós e/ou mudarmos o que sentirmos ser necessário e/ou seguirmos em frente do nosso mesmo jeito contrabaixístico de ver e sentir as coisas…
O recital do Hans aqui no Civebra será no dia 16 de janeiro de 2012, segunda-feira, às 19h30min, na Sala Martins Pena (Teatro Nacional).
Outras coisitas: aproveitarei a minha estadia por aqui para tirar as teias de aranha do nosso Fala Baixo, fazendo as nossas entrevistas contrabaixísticas com o Hans Relofsen, com o Alex Queiroz (primeiro contrabaixista da Orquestra do Teatro Nacional de Brasília) e com o Daniel Abreu (professor de contrabaixo da Escola de Música de Brasília).
Talvez ainda consigamos entrevistas com o contrabaixista Ricardo Vasconcellos (professor da Escola de Música de Brasília), com o contrabaixista Ricardo Telles (professor da Escola de Música de Brasília) e com o contrabaixista Antoine Spagno (da Orquestra do Teatro Nacional de Brasília).

E quando voltar para casa, faremos as mais que combinadas entrevistas com a contrabaixista Ana Valéria Poles e com o contrabaixista Adriano Giffoni

E vamos que vamos: avante ao contrabaixo e aos contrabaixistas!

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