Depois de ser chamado pela enésima vez para mais um concerto em cima da hora, um contrabaixista se lembra da história da Galinha Ruiva…

Nela, a Galinha Ruiva resolve plantar um grãozinho de milho e, para isso, pergunta a seus amigos Porco, Gato e Pata, se algum deles gostaria de ajudá-la, mas nenhum deles quer. Ela então planta o milho sozinha.

Depois que o milho fica maduro, ela resolve colhê-lo e, mais uma vez, pede a ajuda dos amigos e, novamente, ninguém se manifesta. Ela vai colhê-lo sozinha.

Na hora de debulhar o milho, a mesma pergunta e as mesmas respostas e, mais uma vez, ela faz tudo sozinha.

Por fim, ela resolve fazer um bolo de milho e, depois dele pronto e cheiroso, pergunta se alguém quer ajudá-la a comê-lo, e todos correm para auxiliá-la nessa difícil tarefa.
Aí, ela resolve comer tudo somente com seus pintinhos, já que ninguém a ajudou em nada quando ela precisou…

Agora, vamos à outra historinha…
Era uma vez, um dia muito noite na casa de um contrabaixista, quando o telefone toca…
Do outro lado da linha está um(a) maestro (maestrina) necessitando com urgência urgentíssima de um contrabaixista para um concerto num palácio, quatro dias depois, com também quatro ensaios, incluindo sábado e domingo. Delícia!

Na hora dos detalhes, falta o detalhe principal: o cachê, mas o Maestro (Maestrina) diz que ele só aparecerá após a aprovação de um projeto mágico seu de orquestra…

Mais uma vez, o Contrabaixista escuta aquelas famosas frases do “estamos sem cachê para esse concerto”, do “primeiro concerto para um projeto de uma futura nova orquestra”, etc.

E aí vem a pergunta que ninguém quer ouvir nessas horas: “você poderia me ajudar?”.

Só então o Contrabaixista se dá conta de que já ouviu história semelhante antes, e se lembra, de imediato, da historinha da Galinha Ruiva, mas é interrompido pelo(a) Maestro (Maestrina), que aparece com mais um detalhe: o contrabaixista Porco, o contrabaixista Gato e a contrabaixista Pata, que fariam o concerto, não poderão mais, por causa de “outros compromissos profissionais”.

O Contrabaixista fica comovido com tão triste situação e, quase às lágrimas, aceita ajudar a Galinha Ruiva Maestro (Maestrina).

Como o Contrabaixista não tem uma fada madrinha para transformar abóboras e ratos em carruagem, a Galinha Ruiva então se compromete a trazer e levar o Contrabaixista e seu imenso instrumento de carro, a cada ensaio e concerto, pois o Contrabaixista pode ser até bobo de tocar de graça, mas nunquinha de gastar suas próprias moedas de ouro com a carruagem que o levará aos ensaios e ao concerto no palácio…

O Contrabaixista volta a se lembrar da história da Galinha Ruiva e sonha com um grand finale diferente para ela, com muitos músicos ajudando a fazer os concertos, e até com os quem sabe- talvez- possíveis ovos de ouro do projeto da orquestra.

Depois de beber uma boa dose de bom senso retardado, ele corre para o telefone e, um telefonema aqui e outro acolá, descobre com o Contrabaixista Gato que a tal orquestra é um horror, que a tal Galinha Ruiva Maestro (Maestrina) é completamente inexperiente, que os contrabaixistas Porco, Gato e Pata amarelaram por motivos profissionais e não por compromissos profissionais, e que o tal concerto será uma grande roubada…

Na história da Galinha Ruiva há um grande diferencial para o sucesso de todo o serviço e do bolo de milho: ela sabia fazê-los sozinha, e bem.

Na vida real, precisamos nos comportar como os antagonistas deste conto infantil, ou seja: esperar que os projetos de orquestra estejam prontos, aprovados, assados, cheirosos e com os todos os recursos disponíveis quando chegam até nós.

E, ao transformarmos esse conto infantil em fábula contrabaixística, aprendemos que a receita do bolo é uma só: cada um fazer bem só a sua função, lembrando que é mais fácil achar contrabaixistas bons do que maestros (maestrinas) idem.

É importante também saber previamente alguns detalhes do projeto mágico como, por exemplo, se a Galinha Ruiva sabe o que é um milho, pois qualquer que seja o projeto, ele tem que ter uma Galinha Ruiva competente e experiente à frente dele ou, do contrário, não vingará. E tem que ter consistência no que nos é oferecido… Bolo de milho precisa de milho e fermento…

Mas, se com o projeto aprovado e o cachê no bolso, depois o projeto não passar de um concerto, pelo menos não plantamos o milho de graça e ainda podemos comer várias fatias de bolo com o cachê…
E o contrabaixista foi tão feliz para sempre, que nem conto!…

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