Interpretação é a forma técnica que escolhemos para expressar nossos sentimentos na música através do instrumento, e que também usamos para valorizar as passagens musicais.
A interpretação está diretamente ligada ao estilo da música e também ao estilo de época em que ela foi escrita, sendo que, mesmo com as “convenções interpretativas” usadas, tanto o estilo da música quanto o estilo de época em que ela foi composta podem sofrer algumas modificações relacionadas à contemporaneidade da época em que a música está sendo executada.
Muitas das “tradições” da interpretação nos foram passadas oralmente ou musicalmente de professor para aluno ou através de livros. A falta de registros sonoros anteriores à invenção do gravador, não nos deixa afirmar com 100% de certeza que aquela determinada música era realmente executada de determinada forma no século XVIII, por exemplo.
Primeiramente, devemos especificar o estilo a que pertence a música a ser executada: erudita, popular, jazz, chorinho, blues, etc.
Todos esses estilos têm a sua própria linguagem de interpretação e essa linguagem é bem definida e específica.
Você até poderá misturá-las, mas conscientemente, porque poderá causar estranhamento para quem ouve, uma música popular executada com vibrato lírico excessivo e/ ou com a regularidade rítmica (sem o suingue) da música erudita, por exemplo.
O mesmo acontecerá com uma música erudita executada com acentos não escritos, que são freqüentes na música popular, ou na execução de um chorinho “carregado” de sons expressivos, que tiraria a leveza da música, ou de um improviso jazzístico escrito e também tocado ao pé da letra.
Mesmo com todas as “convenções interpretativas” usuais, a música está sujeita à contemporaneidade em que o artista vive.
A despeito dos livros que tratam de interpretação de música antiga e das tradições musicais, muitos músicos e grupos de música erudita fazem uso da interpretação não-usual, como quando interpretam peças do período clássico de forma romântica e com excesso de expressão, por exemplo, seja por falta de conhecimento musical, seja por opção pessoal, seja porque essa forma de interpretação torne a música mais próxima de uma parcela de ouvintes, seja porque essa forma de interpretação torne a música mais vendável, etc.
Na música popular é possível notar uma expressiva diferença de interpretação entre as músicas de 30 ou 40 anos atrás e as releituras mais atuais, tanto no vibrato e no portamento dos cantores, como no timbre e na escolha dos instrumentos, por exemplo, entre outros aspectos.
Não há uma unanimidade no que diz respeito à interpretação musical: há um consenso, que pode ser seguido ou não.
Ignorâncias e/ ou excentricidades á parte, penso que uma boa dose de conhecimento musical e outra boa dose de bom-senso sejam essenciais para que a interpretação de uma peça não descambe para a breguice desnecessária ou para a inexpressividade também desnecessária.
Note que, em determinadas situações, a breguice é necessária, como ao interpretar alguns clássicos da música popular, ou na execução de alguns clichês açucarados da música erudita ou de alguns trechos de ópera. Em outras situações, a inexpressividade também pode ser necessária, seja para dar um toque “frívolo” à música, como para diferenciar um trecho musical de outro mais expressivo.
Não sou purista, mas penso que não dá para executar uma obra de Mozart da mesma forma que uma obra de Verdi ou de Tchaikovsky, etc.
O conhecimento dos estilos musicais também torna o músico menos limitado e monótono, pois não existe nada mais chato que alguém que toca música barroca igual à música clássica ou romântica, ou que toca uma música igual à outra, seja por falta de conhecimento musical, seja por falta de técnica no instrumento.
Não adianta conhecer estilos e não ter técnica musical para colocar todo o conhecimento em prática.
Quando se inicia o estudo de um instrumento é óbvio que vai faltar técnica e talvez também o conhecimento musical, mas isso se aprende com o tempo.
Pense que se você resolveu estudar contrabaixo é porque é uma pessoa de estilo e espere os outros estilos e a técnica darem as caras.

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