Quando se começa a estudar um instrumento é importante também começar a ler e a tocar na clave mais usada pelo instrumento escolhido e, futuramente, ler e tocar na(s) outra(s) clave(s) também utilizadas pelo instrumento escolhido, mesmo que você ache que já chegou ao seu limite de conhecimento no instrumento e/ou que jamais vai topar com uma clave daquela na sua vida… Nunca se sabe a partitura de amanhã…
Existem instrumentos melódicos (que tocam uma nota de cada vez) que fazem uso somente de uma clave, como o violino, o flautim, o trompete, etc.
Existem outros instrumentos também melódicos (que tocam uma nota de cada vez) que fazem uso de mais de uma clave, dependendo da região da nota a ser executada (grave, média ou aguda), como o contrabaixo, o violoncelo, etc.
E existem também os instrumentos harmônicos (que tocam mais de uma nota ao mesmo tempo), que fazem uso de duas claves simultâneas, como é o caso do piano, do cravo, da harpa, etc.
Começar a ler na clave do instrumento incomoda no início, especialmente quando é o seu primeiro instrumento.
Ler bolinhas é um saco, ainda mais quando, para você tocar aquela música misteriosa, você depende do raio da leitura. “Acho que eu vi um sol!… Ou será um si? Já sei: é um lá!”. No meio desse tiroteio, aprenda a contar bolinhas. Ou você acha que a sua vida seria sempre contar carneirinhos na hora de dormir?
Eventualmente, pode haver um pouco de confusão mesmo quando já se tem alguma fluência na leitura, principalmente quando se opta por mudar de instrumento e as claves são diferentes, ou quando chega a hora de tocar no seu próprio instrumento notas em outra clave. No fim dá tudo certo, e se não der, você volta e lê de novo até aprender…
Para evitar problemas futuros, como ficar quase vesgo ao tentar descobrir que raio de bolinha preta é aquela que insiste em dançar enquanto você toca para ela, uma ida ao oftalmologista costuma ser uma boa dica.
As partituras para contrabaixo acústico podem ser escritas em até três claves: fá, para a região grave; dó (na 4ª linha), para a região média; sol, para a região aguda.
As claves mais usuais são as de fá e de sol mas, por exemplo, quando uma peça escrita fica por muito tempo na parte “aguda” da clave de fá, é preferível usar as claves de dó ou de sol, assim como quando uma peça fica muito “aguda” na clave de dó, é preferível usar a clave de sol, para que sejam evitados aqueles tracinhos colocados fora das linhas, mas que fazem papel de linhas também, as chamadas linhas suplementares.
Nesses casos, é mais fácil de ler a música mudando de clave, do que tendo que contar as linhas! O mesmo acontece com quando tem muita nota “grave” escrita na clave de dó, que pode passar para a clave de fá, ou quando tem muita nota “grave” na clave de sol, que pode passar para a clave de dó ou para a de fá.
Por exemplo, imagine a clave de fá. Pense na nota si, que fica acima da última linha escrita. Depois disso, é escrita a primeira linha suplementar superior, para que seja colocado o dó seguinte. Supondo que se queira tocar uma escala de dó a partir daí, naturalmente vai ficar bem mais fácil de ler se você passar as notas para a clave de dó ou para clave de sol, evitando assim tocar o sol na terceira linha suplementar superior da clave de fá, ou o lá no 4º espaço suplementar superior, etc.
Note que para mudar de clave nem sempre é necessário haver muitas notas suplementares. Existem partes escritas para o contrabaixo acústico em clave de fá em que, de repente, aparecem duas notas na clave de dó ou de sol, e depois a música volta para a clave de fá, indo assim até o fim, etc.
Quando se lê uma parte computadorizada, em que todos os espaços e linhas superiores são padronizados, ainda é possível ler um festival inútil de notas suplementares, mas quando se lê partes manuscritas, às vezes é quase impossível de se tocar claramente numa primeira vista…
Acho também importante que você toque a música na altura em que ela foi escrita. Usualmente, uma parte escrita na clave de sol é para ser tocada na parte aguda do contrabaixo.
O contrabaixo acústico tem uma particularidade em muitas das partes escritas para solo: quando vem escrito “suono reale” ou “som real”, é para ela ser tocada uma oitava mais aguda do que está escrito. A grosso modo, isso quer dizer que você estará lendo para contrabaixo e ele estará soando como um violoncelo.
Se é para estudar contrabaixo com partitura, acho imprescindível que a leitura seja adequada ao instrumento, não só para que você tenha fluência naquilo a que se propôs a fazer, como também para que não haja dificuldade quando você for chamado para tocar por partitura em outros lugares.
Em gravações, por exemplo, às vezes é feita uma leitura rápida da música e já grava.
Se você for substituir de última hora algum músico em show, dificilmente vai rolar um ensaio exclusivo para você. Quando muito, dá para dar uma passadinha antes do show, e só…
E se as partes estiverem escritas e você não tiver fluência na leitura?
Em casamentos, nunca há ensaio, e em orquestras “imprevistos” também acontecem e você pode ser obrigado a ler uma parte nunca d’antes vista… durante o concerto!
Para conseguir material para contrabaixo, existe muita coisa nos 4shareds e rapdshares da vida, ok?

Licença Creative Commons
Orientacoes Contrabaixisticas by Voila Marques is licensed under a Creative Commons Atribuição-Uso Não-Comercial-Não a obras derivadas License.

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...

« »