As unhas são um assunto subjetivo que, embora seja abordado sem reservas entre a classe violonística, é pouquíssimo tratado pelos contrabaixistas.
Antes de tudo, as unhas são como um cartão de visitas, e deveriam demonstrar o cuidado do contrabaixista com a sua higiene e a sua saúde, mas… Ai, como já vi unhas imundas e contrabaixos fedidos nessa minha vida contrabaixística!…
Dedos cheios de calos podem ser um modelito estético pouco convencional, mas demonstram empenho profissional.
Agora, unha suja…
O formato da unha é variável (redonda, ovalada ou quadrada) e ao gosto do freguês.
Penso que o formato utilizado não interfere na performance do contrabaixista, mas os cantinhos inflamados das unhas interferem de modo doloroso nela.
Os contrabaixistas que têm esse problema deveriam testar outros formatos e/com/ou outros profissionais e/ou parar de comer os cantinhos das lindas.
Eu mesma testei outros modelitos e outros profissionais além da amadora cortadora de unhas que aqui escreve, mas devido a umas pontas de pele nos cantinhos, conhecidas como “espigõezinhos”, quanto maior o meu contato com o contrabaixo, maior é o número de cantos de unhas inflamadas e doídas.
E olhem que não como cantinhos. O último que comi foi o calo do polegar da mão direita, que era tão grande que parecia um filé, mas o estrago do banquete me deixou vários dias com o dedo que mal podia encostar no arco.
O tamanho das unhas deveria estar mais relacionado à necessidade profissional do contrabaixista do que a fatores estéticos.
As unhas dos contrabaixistas de acústico são usualmente curtas, bem curtas.
Para mantê-las sempre curtas é necessário diminuí-las bem aos poucos, porque cortá-las radicalmente e de uma vez no sabugo é doloroso e contrabaixisticamente falando, ineficiente, já que tocar depois dessa barbeiragem será muito difícil.
A cada dois ou três dias, uma lixa pode ser usada para diminuir gradativamente o tamanho das unhas e, conforme os calos forem crescendo, a região ficará bem menos sensível, porque a pele engrossa.
Com calos contrabaixísticos é cômodo ter unhas cortadas rente ao sabugo; sem eles isso é impossível.
A técnica do instrumento exige unhas curtas porque faz uso da polpa dos dedos e os dedos ligeiramente flexionados para prender as cordas.
Isso evita os tais tec-tecs e facilita a articulação das notas, já que a polpa dos dedos pode prender as cordas com a pressão do braço sem empecilhos.
Não se toca com a ponta das unhas, mas devido aos dedos ligeiramente flexionados, fica impossível ter unhas médias inaudíveis.
Unhas longas ou médias costumam fazer sons percussivos no instrumento, como quando no meio dos ronc-roncs ou dos pum-pum-puns aparecem uns tec-tecs muito esquisitos.
Contrabaixistas usuários das unhas de gato costumam atenuar e/ou eliminar os tec-tecs apertando as cordas com os dedos da mão esquerda esticados e fazer o pizzicato somente com os dedos “de ladinho”.
Outros, vão levando a vida contrabaixística com os tec-tecs por opção profissional ou por opção amadora.
Como todo o vício que começa com uma minimização do problema e com a recusa de mudança, logo logo os tec-tecs anestesiam os ouvidos dos zés-do-caixão e/ou das marias-do-caixão contrabaixistas que deixaram o problema para lá enquanto ainda o percebiam.
Uma vantagem remota disso, e a longo prazo, é que se um dia eles ficarem famosos isso poderá passar a ser um estilo, sujeito a cópia e a ouvidos anestesiados pela mídia.
Se na história da Música há virtuoses que ficaram famosos tocando instrumentos até com os dentes e de costas, que mal há em tocar contrabaixo com as unhas grandes, não é mesmo?

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