Orientacoes Contrabaixisticas by Voila Marques is licensed under a Creative Commons Atribuição-Uso Não-Comercial-Não a obras derivadas License.
Postagens de maio 24th, 2011
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Quando se estuda ou toca um instrumento não é normal sentir dor, principalmente após o período de “adaptação” a ele que, mesmo variando de pessoa para pessoa, não dura mais do que algumas semaninhas.
A dor é a forma que o corpo arranja para dizer que algo não vai bem, seja por excesso de estudo, seja por excesso de tensão, seja por falta de condições espaço-físicas apropriadas para o estudo, ou mesmo por negligência com a saúde, já que uma dor aguda ou constante começa com uma pequena dor, que quase sempre é ignorada.
Isso vale tanto para uma dor nos dedos quanto para uma gripe mal-curada por horas de estudo ou de trabalho irrecusáveis.
O que precisamos entender é que se pudermos cuidar melhor da nossa saúde, com uma alimentação balanceada, com a prática de exercícios físicos regulares, com um sono tranqüilo e, se possível, com uma vida sexual e social ativas, o número de doenças e de licenças médicas diminuirá consideravelmente.
Se a gripe é forte, mas a grana daquele trabalho é irrecusável ou a responsabilidade por ele é inadiável, cuidemo-nos fora dele com menos horas ou mesmo com nenhuma hora de estudo, muito repouso e/ou tratamento médico.
Se ficássemos atentos ao sinal que o nosso organismo dá a cada dor “contrabaixística”, nossa saúde ficaria bem menos exposta às conseqüências danosas da nossa negligência às dores que começam com pequenos problemas técnicos no instrumento e/ou com pequenos problemas ambientais.
Quantas pequenas dores contrabaixísticas já teriam sido sanadas com uma pequena mudança na técnica ou com uma pequena mudança de hábitos?
Quantas pequenas dores contrabaixísticas já teriam sido sanadas se dividíssemos o problema técnico com colegas e/ou professores contrabaixistas, e/ou se lêssemos mais sobre o assunto, e/ou se procurássemos orientação médica e/ou uma academia de ginástica?
Para complementar essas mudanças, um check-up anual ou bianual de rotina num clínico geral, passando por um oftalmologista, por um otorrinolaringologista, por um ortopedista e por um odontologista deveria ser uma regra para nós, músicos.
Parafraseando Antoine de Saint-Exupéry, em “O Pequeno Príncipe”:
“Tu és eternamente responsável por tudo que cultivas.”
“Se tu vens, por exemplo, às quatro da tarde, sem dores, desde as três eu começarei a ser feliz.
Às quatro horas, então, estarei inquieto e agitado: descobrirei o preço da felicidade!”
Nada como um contrabaixo feliz com a nossa chegada!…
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O contrabaixo ainda está equivocadamente associado a pessoas altas e ao uso da força para ser tocado. Isso talvez ainda leve um longo tempo para ser modificado…
A altura do contrabaixista não é tão importante quanto o comprimento de seus braços e de seus dedos da mão esquerda, e mesmo assim isso é subjetivo.
Primeiramente, gostaria de escrever que existem contrabaixos para adultos e crianças.
O contrabaixo, por ter medidas muito variáveis entre um instrumento e outro, é considerado um “instrumento bastardo”, terminologia também aplicada à viola (de orquestra, prima do violino).
Os contrabaixos de adultos são classificados em tamanhos 5/8, 3/4, 7/8 e 4/4.
Para mim, mais importante do que o tamanho do “bojo” do instrumento é o comprimento do “diapasão”, distância entre a pestana (comecinho do espelho) e o cavalete.
Bem, vocês poderão esclarecer os detalhes corretos dessas medidas com um luthier, mas um contrabaixo 3/4 tem o “diapasão” de 106 ou 107 cm.
Um contrabaixo com 108 cm já pode ser considerado um contrabaixo 7/8, assim como um com 109, 110 e 111 cm, com certeza será um 4/4.
Existem muitos contrabaixos com diapasão 103, 104 e até 102 cm. Eles são considerados contrabaixos 5/8.
Essas medidas estabelecem o que chamamos de contrabaixos “grandes”, contrabaixos “normais” e contrabaixos “pequenos”. Essas “classificações” fazem com que as posições nos instrumentos sejam maiores (nos contrabaixos grandes) ou menores (nos contrabaixos pequenos).
Dependendo do “diapasão, um contrabaixo ”bojudo” pode não ser um instrumento “grande” e um contrabaixo pequeno pode não ser um instrumento “pequeno”.
Um contrabaixo “grande” exigirá uma abertura de dedos maior e um contrabaixo “pequeno” exigirá uma abertura de dedos menor.
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Aqui vai uma pequena lista não-médica, pessoal e transferível de alguns sintomas e suas possíveis ligações com o contrabaixo.
Dor de cabeça:
Gripe e/ou dor de ouvido esquecidos pelo excesso de estudo de contrabaixo;
Necessidade de mudança de grau dos óculos ou lentes, especialmente se você lê partituras;
Tensão no pescoço devido às cobranças musicais e não-musicais;
Pouca ingestão de líquidos ou alimentos no período do estudo;
Calor ou frio excessivos no ambiente de estudo e/ou trabalho;
Iluminação inadequada do ambiente ou impressão ruim das partituras;
Cansaço, preocupação e/ou stress.
Dor de ouvido e/ou perda suave de audição:
Som alto, barulho ou ruído excessivos;
Otite devida a gripes mal-curadas por excesso de estudo ou excesso de “deixa para lá”;
Dor e/ou fisgada na ponta dos dedos:
Falta de aquecimento e/ou alongamento antes do estudo;
Falta de descanso a cada 50 minutos de estudo;
Excesso de estudo;
Desenhos musicais repetitivos feitos em excesso com o mesmo dedilhado (trinado, “1-2-4, 1-2-4, 1-2-4”, etc.);
Excesso de pressão ou uso da força para prender as cordas;
Movimentos muito altos de levantar e abaixar os dedos ao prender as cordas;
Uso de força ao abaixar os dedos sob a corda;
Cordas muito altas (maior pressão dos dedos);
Trabalho excessivo sob uma mesma corda grave (4ª ou 3ª);
Falta de condicionamento físico.
Dor e/ou fisgada nos cotovelos:
Excesso de movimentos repetitivos;
Excesso de movimentos grandes e circulares com o arco nas mudanças de cordas;
Excesso de movimentos curtos repetitivos (“tremolo”, semicolcheias muito rápidas, etc.) na corda (não-spiccato);
Falta de descanso a cada 50 minutos de estudo.
Dor e/ou fisgada nos ombros:
Falta de alongamento antes e/ou depois do estudo;
Carregar o contrabaixo ou objetos pesados de mau-jeito;
Adaptação involuntária do corpo à mudança de espaço no local de estudo;
Adaptação involuntária do corpo ao contrabaixista com quem se divide a estante musical (ombros levantados, ombros “duros”, etc.);
Cordas muito altas (maior pressão do corpo);
Uso desnecessário de força para tocar;
Falta de condicionamento físico.
Dor e/ou fisgada no pulso:
Excesso de estudo;
Falta de alongamento antes e/ou após o estudo;
Movimento repetitivo grande e/ou excessivo do pulso (“tremolo”, semicolcheias, fusas, pizzicato rápido, etc.);
Cordas muito altas (mais pressão do braço);
Uso de força nas mãos;
Carregar o contrabaixo ou objetos pesados de mau-jeito;
Falta de condicionamento físico.
Dor e/ou fisgada no polegar:
Uso desnecessário de força para segurar e movimentar o arco;
Uso desnecessário de força para apoiar o polegar esquerdo no braço do instrumento.
Ambos os casos podem ocorrer tanto por falta de técnica, quanto por movimentos repetitivos, quando o braço e a mão ficam cansados e/ou tensionados.
Dor e/ou fisgada nos joelhos:
Tocar muito tempo em pé sem descanso;
Tocar (sentado ou em pé) com os pés tortos,
Subir eventualmente escadas com o contrabaixo;
Sentar em bancos de contrabaixo com os pés direito e esquerdo com alturas diferentes entre si;
Apoiar excessivamente o contrabaixo com o peso do corpo em direção ao joelho;
Tocar em bancos muito altos;
Falta de condicionamento físico.
Dor e/ou fisgada nas costas:
Falta de condicionamento físico;
Excesso de estudo;
Excesso de peso;
Falta de pausa a cada 50 minutos de estudo;
Problemas posturais: região lombar voltada para a barriga ao tocar sentado, ombros e costas caídos para frente, etc.);
Divisão irregular da estante com o colega contrabaixista;
Espaço físico ou condições inadequadas de estudo e/ou trabalho;
Excesso de cobranças musicais e não-musicais.
Dor e/ou fisgada nos pés:
Excesso de peso;
Pés tortos ao tocar;
Tocar sentado com um dos pés apoiado no chão (o peso do corpo se concentra mais nele);
Excesso de estudo;
Falta de pausa a cada 50 minutos de estudo.
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Nessa minha longa trajetória de contrabaixista com tendinite, não sei mais quem me deu (no singular e no plural) essa informação de que LER tinha mudado de nome e passado a se chamar DORT…
Quantos aos alongamentos e pausas para prevenção, sempre frisei isso por aqui, assim como a prática regular de exercícios físicos, desde que não sejam feitos enquanto os tendões estão inflamados.
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